Políticas educacionais e colonialidade
discurso religioso cristão nos debates atuais sobre gênero e sexualidade na escola
Palavras-chave:
Gênero e sexualidade; Religião; Colonialidade; Políticas educacionaisResumo
O contexto atual tem evidenciado um acirramento das disputas pelas políticas curriculares e educacionais, no Brasil, no que diz respeito aos conteúdos a serem desenvolvidos pelas escolas. O ataque sistemático à possibilidade de discussão de temas relacionados aos direitos sexuais e reprodutivos, nos últimos anos, tem se tornado uma das mais evidentes manifestações da bancada religiosa cristã. Orientados pelos chamados estudos decoloniais propostos por María Lugones (2008), Aníbal Quijano (2005) e Walter Mignolo (2008a, 2008b, 2017), além das contribuições dos estudos curriculares de Elizabeth Macedo (2016) e da pesquisa bibliográfica e documental, temos como objetivo refletir sobre manifestações públicas de alguns atores políticos identificados como cristãos, e que representaram um retrocesso à agenda de Direitos Humanos no país e, principalmente, no que diz respeito às discussões de gênero e sexualidade no espaço escolar. Como resultado, foi possível perceber que tais discursos, ao se ampararem em valores morais cristãos, na disputa por significar os conteúdos que deveriam ser contemplados por documentos como o Plano Nacional de Educação e a Base Nacional Comum Curricular, agudizaram processos de exclusão e discriminação, demonstrando a ainda intrínseca relação entre religiões cristãs, colonialidade e educação.
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