A morte festejada, comensalidade e dádivas partilhadas nos ritos funerais haitianos
fronteiras entre a vida e a morte
Resumo
O presente artigo focaliza os ritos funerais haitianos na perspectiva de perceber as fronteiras entre a vida e a morte sob o enfoque cultural da religiosidade de haitianos e haitianas. Diante disso, objetivamos realizar uma descrição dos ritos fúnebres haitianos, sendo também nossos objetivos mais específicos dialogar sobre a morte como um rito de passagem, bem como analisar antropologicamente a morte festejada sob o prisma da comensalidade e das dádivas partilhadas nos ritos de agregação dos funerais haitianos. Para tanto, empreendemos uma etnografia interpretativa cujos dados empíricos foram obtidos tanto por imersão etnográfica presencial em campo no Haiti quanto por complementação dialógica com os relatos dos imigrantes haitianos que são nossos interlocutores no Brasil. Assim, além das nossas percepções teóricas antropológicas, este artigo também focaliza os ritos funerais haitianos a partir da perspectiva e dos relatos dos imigrantes haitianos que residem no Brasil. Destarte, mesclando teoria interpretativa e diálogo com nossos interlocutores, trabalhamos os dados sob o embasamento de Gennep (2011), Geertz (2008) Jimes Frazer (1982), Marcel Mauss (2003), Van Gennep (2011), Victor Turner (2005), entre outros que seguem citados no corpo do texto. Nossos principais resultados dão conta de que os rituais fúnebres dos camponeses haitianos, tal como nós descrevemos e analisamos neste trabalho, podem não corresponder a uma regra geral segundo a qual todas as famílias haitianas se baseiam para viver seu processo de luto, porém a narrativa etnográfica corresponde ao máximo possível as fases dos ritos observados no Haiti e, também, daqueles ritos que foram narrados pelos nossos interlocutores haitianos que residem no Brasil.
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Referências
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