“Uma luta do bem contra o mal”
a instrumentalização da agenda moral na eleição estadual paranaense
Palavras-chave:
Religião e política, Evangélicos, Agenda moral conservadora, Confessionalização de políticas públicasResumo
Neste artigo, analisamos como candidatos evangélicos mobilizaram um discurso belicoso durante a campanha ao legislativo paranaense em 2018. Coletamos materiais nos perfis pessoais e fanpages de quatro candidatos eleitos que elaboram suas identidades construindo um inimigo que supostamente trabalha para destruir a moralidade. Identificamos algumas aproximações do universo evangélico com a política brasileira e, em seguida, sistematizamos a discussão em três eixos: (I) normatização de padrões familiares; (II) regulamentação das práticas educativas; e (III) controle dos direitos sexuais e reprodutivos da mulher. Parece haver uma estrutura discursiva que articula o uso de “conceitos imprecisos”, elementos de sensibilidade social e a existência de um inimigo comum. O ativismo conservador evangélico está ancorado no embate contra as transformações dos costumes e valores.
Downloads
Referências
ACERVO. Acervo “Religião e política: campanha eleitorais e mandatos políticos”. Grupo de Pesquisa Cultura e Relações de Poder. 2018. Disponível em: https://bit. ly/3h13K30. Acesso em 06 de maio de 2022.
AGGIO, Camilo; REIS, Lucas. Campanha eleitoral no Facebook: usos, configurações e o papel atribuído a esse site por três candidatos eleitos nas eleições municipais de 2012. Revista Compolítica. Rio de Janeiro, v. 2, n. 3, jul./dez. 2013. p. 155-188.
ALMEIDA, Ronaldo. Bolsonaro presidente: conservadorismo, evangelismo e a crise brasileira. Novos Estudos CEBRAP. São Paulo: CEBRAP, v. 38, n. 1, 2019. p. 185-213.
ALMEIDA, Ronaldo. Evangélicos à direita. Horizontes Antropológicos. Porto Alegre: UFRGS, v. 26, n. 58, set./dez. 2020. p. 419-436.
ANDRADE, Renata. Desde que há corpo em sociedade, há a vontade de autodeterminação: a história dos direitos reprodutivos. Revista Senso. Belo Horizonte: Grupo Sendo, n. 23, 2021.
BALLOUSSIER, Anna Virginia. Cara típica do evangélico brasileiro é feminina e negra, aponta Data Folha. Folha de São Paulo. 13 de jan. de 2020. Disponível em: http://bit.ly/38ZZ3jd. Acesso em 11 de abr. de 2022.
BIROLI, Flávia. A reação contra o gênero e a democracia. Nueva Sociedad. Buenos Aires, v. 23, n. 65, set./dez. 2019. p. 76-87.
CAMURÇA, Marcelo. Um poder evangélico no Estado brasileiro? Mobilização eleitoral, atuação parlamentar e presença no governo Bolsonaro. Revista NUPEM. Campo Mourão: UNESPAR, v. 12, n. 25, jan./abr. de 2020a. p. 82-104,
CAMURÇA, Marcelo. Religião, política e laicidade no Brasil atual (2014-2019). RODRIGUES, Donizete; LELLIS, Nelson. Religião e política: o contexto da lusofonia. São Paulo: Ed. Recriar, 2020b. p. 193-212.
CARTA CAPITAL. “Não é esquerda contra direita, é o bem contra o mal”, diz Bolsonaro em ato de pré-campanha. Carta Capital. 27 mar. 2022. Disponível em: https://bit.ly/3LJkOXQ. Acesso em: 06 abr. 2022.
CUNHA, Magali do Nascimento. Os processos de midiatização das religiões no Brasil e o ativismo político digital evangélico. Revista Famecos. Porto Alegre, v. 26, n. 1, jan./abr. de 2019, p. 1-20.
DIAS, Tainah Biela. A defesa da família tradicional e a perpetuação dos papéís de gênero naturalizados. Mandragora. São Paulo: UMESP, v. 23, n. 1, 2017. p. 49-70.
DINIZ, Debora; MEDEIROS, Marcelo; MADEIRO, Alberto. Pesquisa Nacional de Aborto 2016. Ciência & Saúde Coletiva. Rio de Janeiro, v. 22, n. 2, 2017. p. 653-660.
GARCIA, Carla Cristina. Breve história do feminismo. São Paulo: Claridade, 2018.
LACERDA, Fábio. Pentecostalismo, eleições e representação política no Brasil Contemporâneo. Tese (Doutorado em Ciência Política). São Paulo: Universidade de São Paulo, 2017.
MACHADO, Maria das Dores Campos. Pentecostais, sexualidade e família no Congresso Nacional. Horizontes Antropológicos. Porto Alegre: UFRGS, v. 23, n. 47, jan./abr. de 2017. p. 351-380.
MACHADO, Lia Zanotta. O aborto como direito e o aborto como crime: o retrocesso neoconservador. Cadernos Pagu. Campinas: UNICAMP, n. 50, maio/ago. de 2017. p. 1-48.
MACHADO, Jorge; MISKOLCI, Richard. Das jornadas de junho à cruzada moral: o papel das redes sociais na polarização política brasileira. Sociologia & Antropologia. Rio de Janeiro: v. 9, n. 3, set./dez. de 2019. p. 945-970.
MARIANO, Ricardo. Expansão e ativismo político de grupos evangélicos conservadores: secularização e pluralismo em debate. Civitas. Porto Alegre: PUC-RS, v. 16, n. 4, out./dez. de 2016. p. 708-726.
MARIANO, Rayani; BIROLI, Flávia. O debate sobre aborto na Câmara dos Deputados (1991-2014): posições e vozes das mulheres parlamentares. Cadernos Pagu. Campinas UNICAMP, n. 50, set. 2017. p. 1-38.
MARIANO, Ricardo; GERARDI, Dirceu André. Eleições presidenciais na América Latina em 2018 e ativismo político de evangélicos conservadores. Revista USP. São Paulo: USP, n. 120, 2019. p. 61-76.
MEZZOMO, Frank Antonio; ANJOS, Brandon Lopes dos; ORO, Ari Pedro. Assim na Câmara como na Assembleia: representação corporativa evangélica nas elei-ções de 2018 e 2020 no Paraná. Ciencias Sociales y Religión/Ciências Sociais e Religião. Campinas, v. 23, 2021. p. 01-43.
MEZZOMO, Frank Antonio; ANJOS, Brandon Lopes dos; PÁTARO, Cristina Satiê de Oliveira. “Quando um justo governa, o povo se alegra”: modus operandi evangélico nas eleições à Assembleia Legislativa do Paraná, em 2018. Estudos de Religião. São Bernardo do Campo: UMESP, v. 34, n. 1, jan./abr. de 2020. p. 03-32.
MEZZOMO, Frank Antonio; PÁTARO, Cristina Satiê de Oliveira. Religião católica, evangélica e afro-brasileira em disputa eleitoral: acionamento de elementos reli-giosos na campanha à Assembleia Legislativa do Paraná. Tempo e Argumento. Florianópolis: UDESC, v. 11, n. 16, jan./abr. de 2019. p. 456-485.
MEZZOMO, Frank Antonio; PÁTARO, Cristina Satiê de Oliveira; ANJOS, Brandon Lopes dos; NASCIMENTO, Lara Pazinato. Quando as pautas são maiores que as placas: a “defesa da vida” na campanha eleitoral de candidatos católicos e evangélicos. Humanidades e Inovação. Palmas: UFTO, v. 8, n. 42, 2021. p. 308-320.
MEZZOMO, Frank Antonio; SILVA, Lucas Alves; PÁTARO, Cristina Satiê de Oliveira. Pela “família tradicional”: campanha de candidatos evangélicos para a ALEP nas eleições de 2018. Revista Brasileira de História das Religiões. Maringá: ANPUH, v. 13, n. 39, jan./abr. de 2021. p. 13-41.
MIOLA, Edna; CARVALHO, Fernanda Cavassana de. Recursos persuasivos nas campanhas no Facebook: uma proposta metodológica a partir das eleições de 2016 em Curitiba. Agenda Política. São Carlos: UFSCar, v. 5, n. 2, set./dez. de 2017. p. 254-290.
ORO, Ari Pedro; TADVALD, Marcelo. Consideraciones sobre el campo evangélico brasileño. Nueva Sociedad. Buenos Aires, n. 280, mar./abr. de 2019. p. 55-67.
PARANÁ. Projeto de Lei n. 720, de 2021. Assembleia Legislativa do Paraná. 30 de nov. de 2021. Disponível em https://bit.ly/3xc93VU. Acesso em 10 de abr. de 2022.
PIERUCCI, Antonio Flávio. Representantes de Deus em Brasília: a bancada evangélica na Constituinte. Ciências Sociais Hoje. São Paulo: ANPOCS, n. 11, 1989. p. 104-132.
PRANDI, Reginaldo; SANTOS, Renan William; BONATO, Massimo. Igrejas evangélicas como máquinas eleitorais no Brasil. Revista USP. São Paulo: USP, n. 120, jan./mar. de 2019. p. 43-60.
PY, Fábio. Bolsonaro’s Brazilian Christofascism during the Easter period plagued by Covid-19. International Journal of Latin American Religions, v. 4, 2020. p. 318-334.
ROCHA, Daniel. “Faça-se na terra um pedaço do céu”: perspectivas messiânicas na participação dos pentecostais na política brasileira. Perspectivas Teológicas. Belo Horizonte: v. 52, n. 3, set./dez. de 2020. p. 607-632.
SOARES, Luiz Eduardo. Revoluções no campo religioso. Novos Estudos CEBRAP. São Paulo: CEBRAP, v. 38, n. 1, 2019. p. 85-107.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons Attribution License que permitindo o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).