A SUBIDA AO CÉU DESCENDO NO CHÃO: Mito da boa Morte e ritos fúnebres no Brasil oitocentista
Resumo
A morte é algo inerente a todo ser vivo. O homem, diferente de outros seres, tem a prática ritual de tomar uma posição frente a ela, que varia de acordo com espaço e o tempo. O presente trabalho, que é resultado de um artigo para conclusão da disciplina Rito, Mito e Espiritualidade Indígena, no Programa de Pós-graduação em Ciências das Religiões na Universidade Federal da Paraíba (PPGCR-UFPB), tem como problemática a ritualização fúnebre praticada no Brasil do século XIX, que almejava a salvação. No imaginário do homem católico oitocentista imperava a ideia de que para uma “ida certa” ao Céu, era necessário cumprir certas práticas que, caso não feitas, tornariam incertas as possibilidades de salvação. Dentre algumas dessas práticas, ser enterrado dentro dos átrios da igreja e ter tido um funeral pomposo colocavam-se entre as principais. Esse rito é entendido quando se analisa o mito em que ele tenta reviver, que é a do enterro ad sanctos – ser enterrado ao lado de pessoas santas e/ou de objetos sagrados era uma forma segura de salvação – que surge na Idade Média e vem se reatualizando ao se introduzir em diferentes espaços e temporalidades. Sendo essa a problemática e a via na qual segue esse trabalho, utiliza-se dos conceitos de Mito de Mircea Eliade e de Joseph Campbell, do de rito de Maria Angela Vilhena, além de autores que já trabalharam com ritos fúnebres, como Philippe Ariès, João José Reis, Alcineia Santos etc.