A experiência missionária dos capuchinhos como prática de um poder negociado: conflitos e estratégias em torno da “civilização” dos índios no Aldeamento de Itambacuri (1873-1889)
Resumo
Propomos nesse trabalho debater a prática da política indigenista em Minas Gerais a partir da análise da experiência missionária no Aldeamento de Itambacuri. Nosso recorte se dá com a fundação da missão no nordeste mineiro em 1873 com os freis da ordem dos Capuchinhos italianos e termina com o fim do Segundo Reinado e, consequentemente, de um modelo de política “civilizacional” pensada a partir do Decreto de 1845. Por meio deste resgatava-se as missões religiosas como alicerce do projeto de “civilização” dos índios no império. Buscamos contribuir com os estudos, que com fôlego, têm irrompido com as teorias “assimilacionista” e inserido os índios na história, como sujeitos que não eram passivos diante da ação colonizadora do Estado imperial. Nesse sentido, propõe-se nesse trabalho analisar os discursos dos missionários capuchinhos de Itambacuri acerca dos índios, enquanto representações que buscavam, dento de uma concepção de “identidade nacional,” a “inserção” dos “selvagens” na sociedade brasileira em construção. Os debates em torno da questão indígena no século XIX não estavam presos apenas aos gabinetes, políticos ou científicos, como bem lembrou John Monteiro. Não havia um consenso com relação ao lugar do índio na sociedade brasileira, mas havia debates entre esses Gabinetes, dentro das províncias e que buscavam um método “mais eficaz” para a conversão dos indígenas que habitavam os “sertões” da nação.