A CIDADE DE ANTIOQUIA E A FORMAÇÃO DA RELIGIÃO CRISTÃ: UMA RELAÇÃO INTRÍNSECA
Resumo
A cidade de Antioquia e o cristianismo nascente sempre tiveram uma relação intrínseca. Porém, em boa parte dos livros e produções literárias ocidentais, pouco se fala de Antioquia e, em geral, da Síria, como locais de fundamental importância, ou ainda, locais de expansão cristã por excelência. Quando se discute o cristianismo no primeiro século, observamos, com grande recorrência, serem citadas Jerusalém, Roma, algumas cidades às quais o apóstolo Paulo endereçou suas epístolas ou até algumas das cidades presentes nos escritos de Apocalipse. O papel de Antioquia passa, muitas vezes, despercebido. Integrar ao conhecimento cristão ocidental os locais de origem e expansão por excelência do cristianismo é um grande desafio historiográfico. É superar séculos de “europeocentrismo”, de distorções, omissões, às vezes inconscientes ou não da real história que cerca a formação da religião cristã. Nossa história cristã ocidental carece profundamente de informações sobre o cristianismo no Oriente. E isto parece ser contraditório, pois a religião cristã, assim como Jesus, seus apóstolos, os livros escritos no Novo Testamento e os personagens que participaram de sua formação, todos são orientais. O cristianismo é uma religião vinda do Oriente, e como tal, precisa assim ser redescoberta por nós aqui no Ocidente. Assim, esta comunicação pretende abordar os principais aspectos da formação do cristianismo em Antioquia no século I, fazendo um corte temporal entre as décadas de 30 a 60 d.C., período narrado no livro dos Atos, de autoria de Lucas. Analisaremos como fonte, basicamente, a documentação extraída do cânon bíblico, sobretudo do mesmo livro de Atos e das cartas paulinas.