Alceu Amoroso Lima e o distributismo como proposta para o Brasil

Resumo

OBJETIVO:

O presente trabalho visa expor os laços que ligam o pensamento social católico inglês com aquele desenvolvido no Centro Dom Vital, especialmente por Alceu Amoroso Lima. Além disso, busca indicar como Amoroso Lima, no contexto da neocristandade, lança as bases de uma proposta católica de organização econômica do Brasil a partir do disbributismo desenvolvido por G. K. Chesterton.

Um estudo sobre a relação do pensamento católico brasileiro com aqueles desenvolvido por autores ingleses é importante porque revela facetas pouco exploradas da produção intelectual dos leigos católicos em nosso país. Boa parte das análises clássicas tem foco na influência francesa, principalmente na recepção de autores como Jacques Maritain e Bernanos, bastante citados por grandes expoentes do pensamento católico brasileiro. A tradição inglesa e sua contribuição para a formação de um pensamento católico nacional são pontos que permanecem ainda pouco explorados.

METODOLOGIA: 

O caminho que minha pesquisa seguiu até aqui é aquele tradicionalmente trilhado em pesquisas relacionadas à história das ideias, a análise documental. Foram analisadas obras da produção inicial de Amoroso Lima que mais tem ligação com o tema proposto, sendo os principais “Preparação à Sociologia”, “Política” e “Introdução à Economia Moderna”.

Este trabalho será marcado pela referência, além da feita a pensadores focados na reflexão metodológica acerca da história das idéias, aos teóricos da literatura ligados à estética da recepção como Jauss, Iser e Stierle. Para tais autores todo leitor se debruça sobre qualquer texto a partir de um horizonte de significado próprio, sendo este horizonte tanto individual quanto intersubjetivo, na medida em que um leitor/autor participa de uma geração e busca tratar questões que julga relevantes para seu tempo.

Buscar compreender a recepção de um autor por outro sem conhecer o contexto intelectual no qual o receptor se insere, gera os graves riscos de anacronismo e de cegueira para a originalidade daquele que recebe um pensamento produzido em outro local e/ou tempo. Penso que uma boa pesquisa de história das idéias deve partir de uma metodologia que, ao menos, desvie o pesquisador dos erros de empreender correlações que não são próprias ou possíveis aos autores que estuda e interpretar o passado a partir de categorias do presente.