Espaço, cultura e segregação. Religiões de Matriz Africana e Afro-brasileiras na luta pelo direito ao espaço na cidade de Goiânia (GO)

Resumo

As práticas culturais promovem, no espaço da cidade, uma multiplicidade de processos de tensão, negação resistência. Tal multiplicidade encontra-se plasmada nos dispositivos normativos e reguladores da sociedade e dos lugares em que está inserida. Para o tratamento das questões étnico-raciais e religiosas, faz-se mister apontar os descompassos existentes entre as politicas culturais que promulgam o reconhecimento identitário entre os credos cristãos e os não-cristãos. Nessa perspectiva, as religiões de matriz africana e afro-brasileiras – no recorte espacial selecionado para o estado de Goiás – sofrem duplamente um árduo processo de invisibilidade e encobrimento no cotidiano da Metrópole goianiense. Ademais, reconhece-se que sua territorialização requer uma reflexão crítica no que concerne o processo de produção do urbano e a construção positiva de tratamento de equidade com as identidades e culturas que compõem as Comunidades de Terreiro. Metodologicamente, prima-se em apresentar o contexto em que se inserem as Comunidades de terreiros na Região Metropolitana de Goiânia, bem como ressaltar as demandas para a implementação de políticas públicas de tratamento e reconhecimento de territórios e identidades. Para tanto, apresentar-se-á os discursos e as práticas coloniais que se perpetuam na produção do espaço urbano. Com isso, torna-se necessário aportar essa discussão por meio de conceitos basilares que fomentarão a presente análise. Dentre esses conceitos, citam-se os de “colonialidade de poder”, “terceiro espaço”, “biopoder” e outros.