Angústia e esperança - uma interpretação da escatologia manifestada no filme O primeiro dia

Autores

  • Eduardo Gross UFJF

Resumo

O filme O primeiro dia, dirigido por Daniela Thomas e Walter Salles, lançado no Brasil em 1999, tematiza a virada de ano que representa a passagem para o novo século. A questão do tempo é tratada de modo constante na obra, sendo as cenas em que aparece o personagem Vovô o sinal mais claro da contagem regressiva na qual a existência humana se insere. As vidas de João e Maria espelham a universalidade dessa submissão ao tempo, que é motivo de angústia nos âmbitos da penúria social e da dor existencial. Apesar desta angústia que perpassa a narrativa, entretanto, de forma paradoxal a esperança se faz presente. O novo vem surgindo, para além das consciências individuais, e ele é simbolizado pelos fogos da festa e pela fala do moribundo que espera contra toda falta de esperança. O tema abordado pela película se presta a uma discussão fecunda a respeito tanto dos elementos escatológicos que assume da herança judaico-cristã ocidental (por exemplo o milenarismo e a simbologia dos números) quanto da atualização que faz da mesma para o contexto contemporâneo (com as figuras do profeta, do destino, e da dinâmica entre uma representação linear do tempo em relação a uma representação cíclica do mesmo). Propõe-se, pois, que esta obra seja compreendida levando-se em conta o fundo religioso com que dialoga.

Biografia do Autor

Eduardo Gross, UFJF

Doutor em Teologia pela EST - RS

Professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Religião da UFJF

Linha de Pesquisa: Filosofia da Religião

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Publicado

2011-05-25

Como Citar

Gross, E. (2011). Angústia e esperança - uma interpretação da escatologia manifestada no filme O primeiro dia. Anais Dos Simpósios Da ABHR, 12(1). Recuperado de https://revistaplura.emnuvens.com.br/anais/article/view/217

Edição

Seção

2011 GT 08: Arte e religião - Coords. Paulo Afonso de Araújo, Isabella Guedes Arcuri