A arquitetura de idéias na constituição da “religiosidade colonial”: estruturas simbólicas e instrumentalizações a partir da primeira visitação do Santo Ofício à América portuguesa (1591-1595)
Resumo
O século XVI não pode ser encarado como sendo palco de descrenças. Trata-se de pensá-lo dentro da problemática em se analisar os limites, caso existam, entre o que se é real e o que se entende por imaginário. Um campo que se constitui diante das mais variadas formas, significações e interpretações. Assim, acreditamos que o espaço colonial na América portuguesa é capaz de fornecer elementos consideráveis para pensarmos o modo como as crenças e as práticas associadas a estes se arquitetaram no que comumente se denominam de “religiosidade colonial”. A partir das documentações resultantes da Primeira Visitação do Santo Ofício ao Brasil, em 1591, o objetivo central deste trabalho é o de analisar como a religiosidade no primeiro século de Colônia se constituiu, articulando-se em diversas facetas existentes; analisando em específico as feitiçarias e a presença do Diabo tanto no discurso inquisitorial como também nas práticas que foram denunciadas ao longo da visitação.