Pós-colonialismo e religião: possibilidades metodológicas
Resumo
O mundo vive hoje uma nova era de transição epistemológica. Muitos referenciais da modernidade estão sendo questionados. As concepções antropológicas, sociológicas, psicológicas, políticas, econômicas, biológicas, filosóficas, teológicas e religiosas que demarcaram tanto o modus vivendi quanto o modus operandi das sociedades ocidentais, precisam se liquefazer para sua sobrevivência. No campo religioso, segundo Léger(2008), tem se apresentado alguns sinais visíveis dessas transformações, a saber; a crise na transmissão regular das tradições das gerações mais antigas às mais novas; atingindo, instituições como a Família e a Igreja. O fenômeno do apagamento da memória tem cristalizado paradigmas modernos e dissolvido na desestruturação e no aniquilamento da memória coletiva. O autor chama a atenção para um tipo de experiência religiosa marcada pela bricolagem ou pela mosaicidade na experiência dos sujeitos religiosos. Diante disso, o artigo propõe afirmar que o pensamento moderno, não se sustenta mais como suporte teórico único para os estudos de religião. O pensamento complexo nos lembra que o indivíduo é mais que a divisão binária; masculino-feminino. Há universos que se perpassam formando novos universos ao mesmo tempo, tanto globais, quanto locais. O artigo propõe o pós-colonialismo como uma epistemologia mais adequada para pensar a realidade religiosa que assume cada vez mais, a natureza cambiante da pós-modernidade. Portanto, apresentarmos de maneira preliminar o conceito do “pós-colonialismo de oposição” de Santos(2006), como teoria para pensar a religião na pós-modernidade. O artigo apresenta as idéias de autores como Filoramo(1999), Prandi(1999), Meslin(1992) e Valle(1998) sobre como o fenômeno religioso foi definido ao longo da história da ciência da religião. De maneira sucinta apresenta a definição e alguns pressupostos da fenomenologia husserliana da religião. E finalmente propõe sugestões para uma nova fenomenologia da religião com nova ênfase epistemológica.