Percepções Ocidentais sobre o Islã
Resumo
É inegável que nas últimas décadas ocorreu um crescimento dos conflitos entre o Ocidente e as regiões do Oriente Médio de predominância muçulmana, ao mesmo tempo em que recrudesceram as ações violentas dos grupos fundamentalistas islâmicos. É neste cenário que o Islã hoje é visto pelo Ocidente, uma religião fundamentalista que abriga movimentos terroristas, e que se opõe à civilização ocidental contemporânea, tanto em âmbitos ideológicos quanto em questões geopolíticas. Os interesses geopolíticos de países ocidentais e a veiculação de imagens e narrativas através da mídia reforçaram e criaram novos estereótipos para esse inimigo do Ocidente. A formulação das imagens negativas e estereótipos desde a época das Cruzadas, com a ascensão ocidental foi utilizada como justificativa de intervenções em questões territoriais, políticas e econômicas. Contudo, tais percepções não levam em conta a história do Islã, sua proximidade com as tradições judaico-cristãs bem como a sua contribuição para o florescimento comercial e artístico do Ocidente. Esta apresentação possui como objetivo demonstrar a genealogia das imagens e percepções estereotipadas sobre o Islã no Ocidente, bem como apontar o modo como essas imagens distorcidas são instrumentalizados enquanto fonte de legitimação para ações repressivas de controle e eliminação dos movimentos fundamentalistas islâmicos e, em especial, nas ações relativas à Palestina. Ao mesmo tempo, pretende-se apresentar a origem comum entre a religião do Islã, o Cristianismo e o Judaísmo apontado essa peculiaridade como um viés de diálogo. Não há pretensão de se construir uma narrativa histórica sobre o Islã, mas recortes que elucidam a constituição da religião e a formação destes estereótipos. Acredita-se que a generalização destes estereótipos e destas imagens negativas, como sendo o Islã, impossibilita o reconhecimento ocidental das contribuições dessa civilização para a modernidade e, a existência de civilizações alternativas à modernidade laica.