A INFLUÊNCIA DO SEGMENTO DE JESUS DENTRO DA TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO DE GUSTAVO GUTIÉRREZ
Resumo
O presente artigo visa apontar o resgate que Gustavo Gutiérrez faz, em seu livro “Teologia da Libertação: Perspectivas”, das atitudes e discursos de Jesus Cristo. Utilizarei “Segmento de Jesus”, a mesma nomenclatura abordada por Ekkehard Stegmann e Wolfang Stegmann, ao me referir a Jesus e seus seguidores até a sua morte, no ano de 30 d.c. Havendo três formas em que a sociologia da religião interpreta esse “movimento”: seita, milenarista e carismático. Irei me atrelar a esse último, tendo como base os estudos de Marx Webber. Webber ao colocar o movimento carismático indo de encontro as causas sociais me auxilia a entender o resgate feito por Gustavo Gustiérrez em 1971, ao colocar os princípios da Teologia da Libertação em cima da solidariedade com os menos favorecidos. No caso de Jesus, ele compartilhava diretamente dos males dos “menos privilegiados” e isso o tornava mais próximo dessas pessoas. Ao pensarmos na Teologia da Libertação, vemos que os seus percussores não estavam diretamente ligados a uma situação de carência social e econômica, mas mesmo assim se prostraram e se prontificaram a abandonar o patamar superior que os cristãos, sobretudo os católicos, se colocavam ao fazer suas obras de caridade. Na Teologia da Libertação, a caridade deve ser abolida, já que ela não pretende mudar as estruturas do sistema vigente, é necessário que a caridade abra lugar para a solidariedade, com o seu irmão, permitindo que o oprimido, saia desse patamar de inferioridade e alcance o mesmo patamar que os demais. Jesus em seu segmento acabou realizando certas desvianças do judaísmo pregado. “Certa desviança genuína é própria dos movimentos carismáticos” (Stegmann.2004). Essa desviança não pode ser considerada uma ruptura, mas deseja a inversão da ordem social vigente. Da mesma forma que Jesus não pretendia romper com o judaísmo, a teologia da libertação não deseja romper com o catolicismo. Mas apontar os feitos da religião que não estão de acordo com suas doutrinas básicas. Assim sendo não desconsidero que a Teologia apresentada por Gustavo Gutiérrez, é fruto de uma religião nascida através dos preceitos de Jesus e por isso apresenta tantas semelhanças. Também não podemos esquecer as semelhanças em que esses dois movimentos tratam as pessoas mais abastadas. Em nenhum dos dois, essas pessoas são rechaçadas ou tratadas como inimigas, pelo contrário elas são aceitas e amadas. Pessoas com boas condições, não só andaram com Jesus, mas abandonaram sua condição socioeconômica em um ato solidário. Na Teologia da Libertação, temos o amor incondicional por todas as pessoas, mas o sistema vigente deve ser repudiado. Amando e se solidarizando com a causa dos pobres é que acontecerá a libertação deles, os pobres e oprimidos, e dos ricos. A Teologia da Libertação, quando abordada é vista pela historiografia de uma maneira muito mais política e revolucionária do que por ser uma ideologia cristã. É importante abordar os elementos cristãos, que permitiram que ela nascesse num contexto tão específico dentro da América Latina. Contexto esse, marcado por muita violência estatal, repressão e ditaduras civis-militares em todo território latino americano.