Os relatos dos jesuítas sobre os cristianismos orientais no XVI: O De Christiana Expeditione Apud Sinas de Matteo Ricci e Nicolas Trigault

Autores

  • Luiz urbieta Rego PUC-RIO

Resumo

Este artigo irá discutir os achados a respeito da presenças, investigações e pesquisas dos jesuítas na China  e como em seu trabalho missionário estes se depararam a com a presença cristã no Oriente. A base deste estudo será o De Christiana expeditione apud Sinas suscepta ab Societate Jesu, obra conjunta dos  missionários Nicolas Trigault (1577–1628) e Matteo Ricci (1552–1610) publicada em 1615.

            Nesta obra encontramos uma abordagem do Judaísmo, Islamismo e Cristianismo a partir do que os missionários entendiam ser a perspectiva chinesa. O capitulo destinado a estas religiões faz com essa obra seja uma das primeiras a publicar referências sobre o Cristianismo Oriental como a descrição de artefatos, pergaminhos ,monumentos e até mesmo uma comunidade praticante de certos costumes cristãos.

Observamos então a busca de Matteo Ricci por algum vestígio da presença cristã na China. Ele encontrou boatos sobre chineses que faziam uma inscrição com tinta em forma de cruz na testa de recém-nascidos. Esse último dado encontrar-se-ia também referendado no comentário de Jerome Rufellus sobre a Cosmografia de Ptlomeu. Os jesuítas também teriam encontrado um sino com inscrições com trechos do Salmo de Davi.

A maneira como tais indícios são apresentados procuram convencionar a idéia da presença de cristão na China data desde a Antiguidade. A principal testemunha e relator dessas histórias seriam os judeus nativos. Segundo eles, os cristãos teriam se desenvolvido nas províncias do Norte, se tornando uma cultura florescente tanto em termos literários quanto militares.

A obsessão por traçar as origens do Cristianismo no Oriente leva os autores jesuítas a colocar como marco referencial os cristãos de Malabar, que teriam sido historicamente convertidos pelo Apóstolo Tomas.

O relato de Ricci e sua divulgação nos escritos de Trigault se tornaram referenciais para explorações arqueológicas que confirmaram a presença do cristianismo na China desde o século VIII. A expansão do cristianismo mesopotâmico em direção ao Extremo Oriente entre os séculos VIII e XIII deixou rastros arqueológicos e influencias culturais que justificavam a predisposição dos jesuítas em observar traços de cristianismo em culturas e religiões como a tibetana e a chinesa. Apesar de encontrar diversos vestígios históricos da presença cristã, os jesuítas não procuraram enfatizar esta presença em seu discurso missionário. O comentário jesuíta sobre o Cristianismo no Oriente engendra discussões a respeito da complexidade das relações inter-religiosas e evangelizadoras dentro da própria Cristandade.

Biografia do Autor

Luiz urbieta Rego, PUC-RIO

Mestre em História pela Puc-Rio

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Publicado

2015-08-16

Como Citar

Rego, L. urbieta. (2015). Os relatos dos jesuítas sobre os cristianismos orientais no XVI: O De Christiana Expeditione Apud Sinas de Matteo Ricci e Nicolas Trigault. Anais Dos Simpósios Da ABHR, 14. Recuperado de https://revistaplura.emnuvens.com.br/anais/article/view/953

Edição

Seção

2015 GT 45: Cristianismos orientais: religião, cultura e sociedade