DISCURSOS SOBRE A ARQUITETURA DOS COLÉGIOS NAS CARTAS DA COMPANHIA DE JESUS
Resumo
As Cartas da Companhia de Jesus, sobretudo as Ânuas da Província do Brasil, mostram como os inacianos atribuíam grande importância à localização espacial dos seus colégios. Fatores como o clima, o meio, o ambiente, eram para ser tidos em conta, e por isso os colégios deveriam estar em pontos mais salubres e elevados das capitais. Contavam ainda os arvoredos e a luminosidade do local, condições que julgavam indispensáveis ao meio em que o aluno deveria viver, crescer e ser formado. Estes princípios eram universais, na ótica dos Jesuítas, pois aparecem discriminados nas Constituições. Por esse motivo, é notável a semelhança das linhas principais de todos os colégios, sendo estas instituições educativas ramificações de um mesmo tronco. Outra explicação plausível é o fato de todos os desenhos e projetos dos colégios serem sujeitos à revisão do padre geral, justificando-se assim a analogia do critério de uniformidade dos planos das novas edificações com os de outros colégios anteriormente construídos, se aproveitando de igual modo a experiência acumulada, na construção de um novo edifício, aperfeiçoando as instalações. A organização de um colégio jesuíta era exímia, lembrando “uma cidade dentro de outra cidade”. (Butel, 1890, p. 446) O programa das construções jesuíticas era relativamente simples, podendo ser dividida em três partes, correspondendo cada qual a uma determinada localização: para o culto, a igreja com o coro e a sacristia; para o trabalho, as aulas e oficinas; para residência,os cubículos, a enfermaria e mais dependências de serviço, além da “cerca”, com horta e pomar. O trabalho pretende analisar como as diferentes cartas jesuíticas, sobretudo as Ânuas, fazem referência à localização espacial dos colégios, bem comoaos materiais utilizados na construção e aumento dos mesmos.
Palavras-chave: Companhia de Jesus, Cartas Ânuas, construções jesuíticas, colégios.