A diplomacia de Papa Francisco: um olhar para as minorias
Resumo
No dia 13 de março de 2013, o até então cardeal Jorge Mario Bergoglio foi eleito o 266º Papa da Igreja Católica, substituindo o Papa Emérito Bento XVI, ocupando, assim, a maior posição da hierarquia eclesiástica e tornando-se primeiro Papa nascido em continente americano e também o primeiro Papa da ordem dos jesuítas. A escolha do seu Nome Papal – Papa Francisco -refletiu seu pontificado até então: o Pontífice apresentou ao mundo ser um religioso fortemente sensibilizado pela passividade do mundo frente às dificuldades alheias, como os altos níveis pobreza, grandes desigualdades, opressão de minorias políticas, dentre outros pontos. Esse posicionamento de Papa Francisco é evidenciado pelas visitas papais e a repercussão delas nas localidades visitadas e no mundo inteiro, apresentando uma diplomacia eclesiástica norteada para grandes preocupações sociais e alimentando possibilidades para a nova política externa do Vaticano.
Nos primeiros meses de seu Pontificado, Papa Francisco fez-se presente na 38ª Conferência das Organizações das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), na qual condenou enfaticamente o desperdício alimentar, expôs a produção suficiente de alimentos coincidente com a miséria e a desnutrição latentes em todo o mundo e reiterou a necessidade de se pensar no próximo. O Pontífice ainda parabenizou a FAO pela grande iniciativa em corrigir esses problemas em escala internacional, mas pediu que se olhasse para que os membros voltassem um olhar mais sensibilizado para a situação como um todo, não só como mais um tópico da agenda estatal. Fora de Roma, a primeira visita do Papa foi na Jornada Mundial da Juventude sediada em julho de 2013 no Brasil, no qual ele causou grande entusiasmo por uma humildade ímpar e uma proximidade com os fiéis que motivou diversas associações do Pontificado de Francisco com o Pontificado do Papa João Paulo II, que marcou a história da Igreja Católica no século XX.
Depois da visita ao Brasil, que era um compromisso marcado desde antes do início do seu mandato, Papa Francisco visitou Israel, Jordânia, Palestina, Coréia do Sul e Albânia. Em cada uma dessas localidades, ele apresentou discursos que reiteraram a preocupação da Igreja com os conflitos nas respectivas regiões, com a situação das minorias políticas que ali residem e reforçou a necessidade de que tanto os políticos como todo o mundo se atente às condições críticas que muitos grupos como esses estão condicionados. Em relação ao conflito Israel-Palestina, o Pontífice afirmou que a solução da “criação dos dois Estados deveria se tornar uma realidade” e que o conflito era inaceitável, pois desencadeia ondas em massa de violência física, psicológica e moral, impossibilitando a concretização de condições mínimas de dignidade humana. É valido ressaltar que na ocasião também foi evidenciado um caráter ecumênico do Pontificado de Francisco, buscando um diálogo com outros líderes religiosos.
Posta essa conjuntura, esse artigo dedicar-se-á estabelecer uma análise das visitas externas de Papa Francisco nos anos de 2013 e 2014, com base em um exame crítico de seus discursos e seus encontros com líderes representativos de diversos grupos com os quais o Pontífice se relacionou. A partir dessa retomada, será possível identificar as principais perspectivas e possibilidades da “diplomacia eclesiástica” exercida por Papa Francisco, no que concerne às preocupações sociais e políticas, e a influência dela no Sistema Internacional.