CENTRO DE MANIFESTAÇÕES MEDIÚNICAS OSHALUFÃ: COMO SER “AFRICANO” SEM SER “PURO”?
Resumo
O presente artigo tem o objetivo de entender a configuração de um espaço sagrado que não busca a “africanização”, isto é, a pureza de culto. A lei 10.639/2003 ao tornar obrigatório, via o ensino formal, o reconhecimento da importância dos negros e seus descendentes, tem provocado uma espécie de “retorno à etnia africana” que, no plano religioso, para muitos sacerdotes e adeptos, se expressa no esforço de se processar exclusivamente no Candomblé Ketu, rito Nagô. Não obstante, o Centro de Manifestações Mediúnicas Oshalufã, no município de Abaetetuba-PA localizado na mesorregião do nordeste paraense, onde é o recorte espacial da pesquisa, apesar de se auto definir como “afro” é um espaço religioso que pratica simultaneamente o Candomblé Ketu, a tradição Mina Nagô, além de utilizar elementos da Umbanda, o que leva o artigo a constatar que a “africanização” do culto não implica, necessariamente, num retorno às “origens africanas”, mas pode sim, existir a partir de novas fusões e arranjos de velhas matrizes religiosas. Para tanto a lançarei mão da metodologia etnográfica para a realização da pesquisa.
PALAVRAS-CHAVES: Lei 10.639/2003; Religiões de Matriz Africana e Religiões afro-brasileira no Pará; Africanização Religiosa; Sincretismo.