CÓDIGO DE CONDUTAS DE RELIGIOSOS NO CÁRCERE E SUA INFLUÊNCIA NA DINÂMICA SOCIAL DA PRISÃO
Resumo
O presente artigo aborda a discussão sobre as religiosidades no cárcere enquanto possibilidade de discurso norteador de condutas. O contexto prisional é profícuo em manifestações religiosas, seja pelos trabalhos de religiosos realizados no interior do cárcere (de fundo assistencial, social e/ou espiritual), seja pelas pertenças religiosas expressas pelos próprios detentos. A intensa presença de religiosos de maioria cristã nos cárceres demonstra a importância desse segmento na dinâmica social da prisão e evidencia de maneira clara as diferenças entre as condutas dos detentos não religiosos e os que professam a fé cristã. Nesse sentido, o artigo do qual se origina a pesquisa trata de maneira sintética as especificidades das condutas adotadas pelos detentos convertidos à fé cristã e sua influência no cotidiano das relações que se desenrolam na prisão. Para tanto, utilizamos dois conceitos principais: o de “proceder” e o de “conversão religiosa”. O conceito “proceder” é utilizado conforme concepção elaborada por Adalton Marques (2009) na dissertação “Crime, proceder, convívio-seguro. Um experimento antropológico a partir de relações entre ladrões”. O “proceder” designa um complexo número de regras criadas pelos detentos e seguidas ou não pelos presos. Somado a este conceito, utilizamos a “conversão religiosa”, no sentido de mudança de visão de mundo do fiel, depreendendo um “proceder religioso”, ou seja, código de condutas seguido por presos religiosos. O que nos move no desenvolvimento da atual pesquisa é a melhor compreensão desse código de condutas específico dos religiosos e como este influencia o cotidiano na prisão.
