TURISMO RELIGIOSO CATÓLICO NO BRASIL: PERSPECTIVAS E DESAFIOS DE UM CRESCENTE SETOR ECONÔMICO
Resumo
A visita de um papa é sempre cercada de protocolos e expectativas. Foi assim com Bento XVI em 2007, para presidir a abertura da reunião da Conferência Episcopal Latino-americana e Caribenha – CELAM; e também com Francisco em 2013, no Rio de Janeiro e em Aparecida (SP), por ocasião da Jornada Mundial da Juventude – JMJ, isso para relembrar apenas das vindas mais recentes dos pontífices ao país. Desde a visita do papa alemão o aparelho turístico religioso nacional está sendo incrementado significativamente. A construção de uma estrutura que dê suporte às necessidades desses consumidores – como hospedagem, transporte, alimentação – passa por um momento de estruturação e profissionalização, inclusive sob a responsabilidade de grandes empresas do ramo. A JMJ significou expressivo marco para o setor, já que demonstrou ao mercado a capacidade de mobilização de público e renda dos eventos com motivação religiosa, lançando assim o país em um roteiro internacional de pacotes turísticos de fé. O encontro da juventude mundial também tornou claro o interesse público no setor, sacramentando ainda ação privada. Essa experiência também é vivenciada pelo Círio de Nazaré, em Belém (PA) que anualmente vê seu público crescer, na mesma proporção que os investimentos privados e públicos, bem como o retorno comercial, dentre tantos outros exemplos relevantes no Brasil. Nessa direção, a CNBB também assume postura de administração, a partir da Pastoral do Turismo, que tem por objetivo o acolhimento e também a gestão desses espaços turísticos. Muitos agentes promotores se encontram no âmbito do turismo religioso nacional, e é essa faceta a qual esse trabalho se volta; identificando as correlações e disputas dentro do setor, que se comporta como gerador de políticas de mercado, apesar das predisposições religiosas, colocando assim em contato esferas de perspectivas distintas. Esse movimento de organização, reconhecido pelo Ministério do Turismo, empresas e igreja, tem uma lógica própria, e esse trabalho contribui com o debate ao mapear as práticas desse campo promissor do empreendedorismo, bem como os desafios subjacentes ao seu desenvolvimento.
