Dzogchen: entre a religião Bön e o Vajrayana

Autores

  • Igohr Brennand UFPB

Resumo

Tendo em vista a grande relevância da temática da pluralidade cultural e dos diálogos entre religiões e do sincretismo religioso, fenômeno amplamente discutido e vivenciado nos dias de hoje, pretendemos, neste trabalho, apresentar um panorama histórico e filosófico acerca de alguns elementos do sincretismo religiosos que caracterizam o Budismo Vajrayana, também chamado de Budismo Tibetano. Consideramos a formação do Budismo Tibetano e os processos de “sincretismos” desta forma de Budismo com a religião Bön (antiga religião da ásia central), como um tema de fundamental relevância dentro da área de Ciências das Religiões, sobretudo pela diversidade de práticas e ritos que se desenvolvem no Tibete em função deste encontro histórico. O budismo Tibetano, também conhecido como Vajray?na “o veículo do diamante”, incorpora diversos tipos de práticas meditativas e contemplativas, que tem como base os preceitos da filosofia tântrica de origem indiana aliados à preceitos filosóficos centrais do Mahayana, que chegam ao Tibete por volta do século VIII d.C, sofrendo também influências diretas da religião Bön. Em nossa apresentação, analisaremos em maior profundidade uma prática de central importância dentro desta característica sincrética do Vajrayana, entre a religião Bön e o budismo: a prática do dzogchen, que possui importância fundamental dentro das práticas religiosas do Bön, e que através deste contato entre as duas tradições, passa a ocupar também um lugar central dentro das práticas meditativas e contemplativas desenvolvidas dentro da tradição do Vajrayana, sobretudo na da escola Nyingma (uma das quatro principais escolas do Budismo Tibetano), tida como a “escola antiga”. De acordo com a ortodoxia da escola Nyingma e os preceitos religiosos e filosóficos da religião Bön, o pressuposto fundamental da prática dzogchen, centralizada na evidenciação da mente pura e inata, chama de rigpa, obedece a uma serie de caminhos e diferentes fases da prática. Tendo como apoio de cunho filosófico da tradição budista, em grande parte, as literaturas do Tathagatagharba, muitas destas concepções e práticas, que para algumas vertentes das escolas “reformadas” (ou tidas como parte das novas traduções: Sakya, Kagyu, Gelug) entram em contraste direto com preceitos básicos da filosofia budista como a “teoria da originação dependente” formando assim um amplo campo para pesquisa acerca dessas relações entre religião Bön e as escolas do budismo Vajrayana. Pretenderemos, no presente artigo, discutir algumas concepções centrais dentro da prática Dzogchen, tendo como base as fontes da religião Bön, e aquelas transmitidas pelos mestres da escola Nyingma.

Biografia do Autor

Igohr Brennand, UFPB

Mestrando em Ciências das Religiões pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Atualmente desenvolve pesquisas nas áreas de filosofia budista e história do  budismo vajrayana. Membro do grupo de pesquisa PADMA (UFPB).

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Publicado

2015-08-16

Como Citar

Brennand, I. (2015). Dzogchen: entre a religião Bön e o Vajrayana. Anais Dos Simpósios Da ABHR, 14. Recuperado de https://revistaplura.emnuvens.com.br/anais/article/view/898