A SECULARIZAÇÃO DA MORTE: cemitérios públicos e as políticas sanitárias em choque às velhas formas de se enterrar na Natal oitocentista

Autores

  • Diego Fontes Tavares Universidade Federal da Paraíba

Resumo

No homem católico do oitocentos imperava a ideia de que para uma “ida certa” ao Céu, era necessário cumprir certas práticas que, caso não feitas, era duvidosa a certeza da salvação. Dentre algumas, ser enterrado dentro dos átrios da igreja e ter tido um funeral pomposo eram as principais. No entanto, tornaram-se um entrave à saúde pública, pois sanitaristas criam que os miasmas (exalações pútridas de pessoas e animais doentes/mortos) eram vetores de doenças e exigiam um cemitério longe de onde habitavam os vivos. Partindo dessa premissa, este trabalho constrói uma narrativa de como se deu esse impasse na então Natal do século XIX, apoiando-se em relatórios e discursos dos presidentes da província, bem como dos decretos e medidas políticas de caráter higienista (em especial a Lei Imperial de 1º de Outubro de 1828 – que atribuía às Câmaras a construção de Cemitérios extramuros para os enterros), além de dados sobre o nefasto dano causado pela Cólera-morbo (uma pandemia varreu espaços e que chega ao Brasil em 1855), objetivando descobrir qual a razão da construção do primeiro cemitério público de Natal (1856). Depois de usados documentos oficiais e autores que já se debruçaram em semelhante empreitada, descobriu-se que o Cemitério do Alecrim foi construído como medida paliativa à devastação causada pela Cólera, logo não sendo resultado direto das medidas higienistas e não sofrendo resistência pela população católica tendo em vista o momento caótico em que essa se encontrava. 

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Publicado

2015-08-16

Como Citar

Tavares, D. F. (2015). A SECULARIZAÇÃO DA MORTE: cemitérios públicos e as políticas sanitárias em choque às velhas formas de se enterrar na Natal oitocentista. Anais Dos Simpósios Da ABHR, 14. Recuperado de https://revistaplura.emnuvens.com.br/anais/article/view/890