GUADALUPE: O ELO ENTRE OS DOIS MUNDOS
Resumo
A colonização espanhola teve como um de seus principais artifícios as políticas de conversão das populações nativas ao cristianismo espanhol. Tendo em vista dois períodos distintos da época colonial no México, aqui pretendemos analisar a forma pela qual as populações indígenas resignificaram e compreenderam aquilo que estava sendo trazido pelos missionários. Também procuramos apontar como estes nativos conseguiram, em certa medida, manter suas relações com as divindades ancestrais. Essa dinâmica entre aquilo que era transmitido e o que era compreendido gera, desde o início das atividades missionárias, grandes embates internos entre os grupos dos religiosos envolvidos. Encontramos na devoção à Nossa Senhora de Guadalupe um elemento que explicita bem tais tensões, e algo que, em certa medida, simboliza o estabelecimento de um cristianismo de raízes indígenas. O século XVII é um período rico em obras e reflexões que procuravam estabelecer uma diferenciação cultural entre a religiosidade anterior à conquista e aquela então vivenciada. Nosso ponto de análise se detém em três intelectuais que atuam de maneira decisiva para a consolidação da devoção à Nossa Senhora de Guadalupe e a relação dela com a formação de uma religiosidade tipicamente mexicana: Miguel Sanchez, Lasso de La Vega e Luiz Becerra Tanco. Do ponto de vista discursivo, as fontes documentais utilizadas datam do período entre 1648 e 1666, onde cada obra representa uma etapa na consolidação da devoção guadalupana: Imagen de Nuestra Mare de Dios Virgen de Guadalupe (1648), Huei Tlamahuizoltica El Gran Acontecimiento (1649), Origen Milagroso Del Santuario de Nuestra Señora de Guadalupe (1666).
Palavras-chave: devoção; Guadalupe; discurso.