DO PROFANO AO SAGRADO NO RITUAL DO BAILE-TANGO
Resumo
O presente artigo avalia o baile-tango como ritual e manisfestação cultural de interface do artístico com o simbólico religioso, desde quando era considerada dança demoníaca, proibida para mulheres até sua bênção pelo papa. A cerimônia é tomada como ritual de troca, utilizando os conceitos de dádiva de Marcel Mauss e de profano e sagrado de Mircea Eliade. O artigo busca refletir sobre o processo de aceitação do tango até a sua glamourização, quando na visão dos dançarinos há um certo ar de sagrado nesse baile enquanto ritual, buscado por sua magia. Caracterizando-se metodologicamente como pesquisa bibliográfica documental e de campo com participação observante em bailes de tango na capital portenha e em São Paulo, o trabalho considera a partir do conceito de sagrado de Mircea Eliade que o homem moderno, mesmo o não- religioso, de forma inconsciente carrega ainda ritualismos e características de uma estrutura mágico-religiosa. O conceito de dádiva de Marcel Mauss também será usado na análise do baile como busca da experiência de sentido e sociabilidade. O baile de tango apresenta performance com traços de cerimônia religiosa. Códigos e gestual específico são organizadores sociais de uma dinâmica de representações de gênero e do exercício da reciprocidade. A dança a dois traz aspectos do processo de troca, onde não doam-se coisas, mas afetos, abraços, olhares e gestos esperando-se receber em troca o prazer a dois da dança e a aceitação do grupo. A busca do sentido dentro do ritual-tango aparece na fala dos dançarinos assíduos, para os quais quebrar as regras é considerado um “pecado” e frequentar pelo menos uma vez por semana os bailes é “sagrado” ou não se sentem bem. A simbologia religiosa aparece até no nome da casa de tango Catedral, onde faz parte da decoração um santuário ao músico Carlos Gardel.Downloads
Publicado
2015-08-16
Como Citar
Silva, C. F. e, & Silva, C. F. e. (2015). DO PROFANO AO SAGRADO NO RITUAL DO BAILE-TANGO. Anais Dos Simpósios Da ABHR, 14. Recuperado de https://revistaplura.emnuvens.com.br/anais/article/view/875
Edição
Seção
2015 GT 14: Religião e arte