QUANDO A RELIGIÃO SE TORNA QUESTÃO DE SEGURANÇA (?): INFERÊNCIAS SOBRE O USO DA RELIGIÃO COMO ESTRATAGEMA PARA O TERROR
Resumo
: O terrorismo não é um evento novo, mas desde o 11 de setembro de 2001, sem dúvida, tornou-se um assunto em que a atenção foi redobrada gerando mudanças reais na vida dos indivíduos e um aumento significativo em investimentos na área de segurança. Apesar de ser um fenômeno conhecido à maneira de lidar ou caracterizar o terrorismo ainda é complexa, pois não há consenso sobre o termo, assim, a securitização do tema, que é construída pelo discurso, dependerá de quem o produz e como é produzido esse discurso a fim de alcançar efetividade e legitimidade – a chamada “Guerra contra o terror” é um bom exemplo, pois, conseguiu se estabelecer tanto na agenda doméstica quanto na internacional. Na luta pela permanência e legitimidade de um discurso, atores periféricos como a mídia, serão essenciais para a propagação do mesmo, o que pode gerar muitos problemas, pois além da falta de conhecimento sobre determinados assuntos a mídia pode ser tendenciosa revelando muitas vezes não a “verdade”, mas o que se deseja ser a “verdade”. Nesse jogo discursivo conceitos e categorias são recriados contribuindo para a construção de estereótipos e a manipulação de ideias sobre determinados grupos e/ou pessoas. No que tange as ações atuais de cunho terroristas esses estereótipos em grande parte, para não dizer sempre, carregam a marca de uma determinada religião: a islâmica. Dentro deste contexto, cabe-nos a questão: se grande parte dos atos terroristas parecem ser empregados por atores que seguem e utilizam determinado tipo de discurso religioso para legitimar suas ações, deve a religião ser um assunto de segurança? A presente comunicação tem como objetivo verificar o uso da religião como estratagema para o terror e analisar, a partir de um enfoque teórico-analítico, como essa deve ser categorizada dentro dos estudos de segurança internacional.