CONTROVÉRSIAS ENTRE O PENSAMENTO DE CIORAN E O BUDISMO
Resumo
A presente pesquisa tem por finalidade fazer uma exposição do Pensamento Budista, mais precisamente arraigado a perspectiva do sofrimento, o dukkha e da ascese e, consequentemente, ao apresentar as causas do sofrimento e os meios pelos quais se pode sair do samsara, pretende-se perpetrar uma análise diante do pensamento filosófico de Emil Cioran. O aspecto aqui abordado se remete a doutrina do Buda ou precisamente ao Pensamento de Siddharta Gautama. Em princípio, será pontuada a questão das quatro nobres verdades aonde as duas primeiras verdades condizem como causas geradoras do sofrimento e as outras duas verdades estão associadas à cessação do mesmo. O Buda identifica que as causas de todo o nosso sofrimento estão pautadas nos desejos do corpo físico e nas paixões mundanas e, por conseguinte, o Budismo como um todo, pode-se assim considerar, toma como forma central à tese que norteia o ensinamento de Gautama, que é a tentativa de cessar as aflições e conduzir as pessoas a quebrarem o ciclo do samsara por meio do desapego ao mundo e privando-se dos desejos. Precisamente, quem procura a iluminação tem que conhecer as quatro nobres verdades, caso não consiga, esses que procuram a iluminação perambularão no inevitável labirinto das ilusões da vida. Um gnóstico ou um antifilósofo, um antiprofeta, no mais um místico às avessas revoltado com o mundo e com o seu criador, Emil Cioran pode ser classificado de várias maneiras e isso demonstra o quanto ele é complexo. Cioran então grita para todos os cantos e como resposta ouve um sonoro silêncio, range os dentes como o cínico o é descendente de Cérbero e procura morder quem quer que seja. Na ótica cioranesca o budismo não passa despercebido de sua finalidade, diante do olfato desse descendente do cão mitológico. A perspectiva budista afirma numa cessação do sofrimento, o último dos bogomilos não vê na proposta budista o fim da dor que a humanidade é acometida desde sua concepção, pois este mundo fora criado por um Deus mau que está indiferente com a situação de sua criação e, necessariamente, o limite de uma dor é uma dor ainda maior. A morte não tem sentido algum para quem ama demasiadamente a vida e o desapego nada mais é que uma negação tanto da vida quanto da morte, a superação do medo de morrer possivelmente tenha triunfado sobre a vida, mas isso não passa de outro nome que se dá a esse medo que aflige o espírito das pessoas. O Buda no mais era um otimista, pois ao que parece ele não consegui compreender que o que define a existência e o nada é o próprio sofrimento e o nirvana não tem a capacidade de cessar a dor e o sofrimento, ela pode corresponder a um estado mais elevado do sofrimento, a um nível espiritualizado do tormento, pois a dor precede a tudo até mesmo o próprio Universo. Se for necessário desapegar-se dos desejos mundanos para alcançar a iluminação, então, o nirvana é uma quimera, pois o desejo nunca cessa, à medida que se tenta chegar à iluminação, esta já é um desejo e por sinal também se constitui um desejo mundano de superar a sua atual condição, de ser falível condenado por uma sentença indissociável, a decomposição.Palavras-chave: Budismo. Sofrimento. Desejo. Iluminação. Mística.
Downloads
Publicado
2015-08-16
Como Citar
Sousa, J. R. (2015). CONTROVÉRSIAS ENTRE O PENSAMENTO DE CIORAN E O BUDISMO. Anais Dos Simpósios Da ABHR, 14. Recuperado de https://revistaplura.emnuvens.com.br/anais/article/view/868
Edição
Seção
2015 GT 43: Budismo, História e Filosofia