EM DEFESA DA IGREJA PRIMITIVA E NACIONAL. UMA ANÁLISE DA REABILITAÇÃO DAS DIRETRIZES DO SÍNODO DE PISTÓIA PELO CLERO LIBERAL BRASILEIRO (1826-1842)
Resumo
A presente comunicação visa aprofundar a compreensão das relações reversivas entre religião e política, no Brasil oitocentista. Inserindo a experiência brasileira ao lado de outras experiências socioculturais que adentraram a modernidade política, analisa uma vertente específica da secularização luso-brasileira, apropriada pelo clero liberal no momento inicial da construção do Estado nacional brasileiro: aquela que, resgatando as matrizes do regalismo pombalino, desdobrou-se na defesa das teses defendidas no Sínodo de Pistóia, ocorrido em 1786 e liderado pelo bispo de Pistóia, Cipião de Ricci. Sob a influência do jansenismo, febronionismo e galicanismo, este defendeu uma Igreja mais espiritual, mais em harmonia, com a Igreja primitiva, julgando que os líderes dos países católicos eram capacitados para cuidar da Igreja materialmente, resistindo às pretensões de uma "monarquia papal". Atuantes em nível do Parlamento brasileiro, entre 1826 e 1842, o clero regalista resgatou estas teses, adquirindo força suficiente para gerar uma mentalidade tendente à nacionalizar os assuntos religiosos e a assumir posturas anti-romanas.