RELIGIÃO, RELIGIOSIDADE E JUVENTUDE: manifestação cultural ou forma de resistência?

Autores

  • Fabio Lanza UEL
  • Cláudia Neves da Silva UEL

Resumo

Quando falamos em religião logo nos vem à mente idéias como fé, sagrado, teofania. Se, por um lado, estão corretas tais idéias, por outro, apresentam-se incompletas para entendermos a presença cada vez em maior número de jovens em celebrações ou movimentos religiosos, nos quais a emoção, o fervor, a devoção e a imposição de normas de comportamento são valorizados e incentivados. A partir de observações de celebrações religiosas e entrevistas com membros das igrejas que fizeram parte do universo da pesquisa, foi possível uma primeira aproximação para compreender o fenômeno religioso que levou ao surgimento de centenas de igrejas e está presente tanto na Igreja Católica, como nas Protestantes Históricas: o movimento pentecostal. A penetração da teologia pentecostal no interior das igrejas tradicionais veio ao encontro da necessidade de justificar e reforçar atitudes e ações como a competição, o individualismo e o consumo como alternativa para alcançar a felicidade e a paz. Ideias e ideais frutos da modernidade e do desenvolvimento capitalista, cujo processo se iniciou no século XVIII e promoveu profundas mudanças nas relações sociais, políticas e econômicas em decorrência de uma nova forma de produzir, reproduzir e comercializar os bens materiais. Os indivíduos se moveriam a partir de seus interesses, desejos e prazeres, os quais seriam ditados por um mercado repleto de opções para atender a todos. Esse movimento religioso promoveu uma ampliação do número de jovens nas celebrações religiosas, em um momento em que verificamos entre estes o aumento de casos de depressão, do uso de drogas lícitas e/ou ilícitas, consumismo, apatia política. Por esta razão, este fato nos chama a atenção, porque as instituições religiosas exigem compromissos, como participação em serviços ou ministérios, e impõem normas de conduta, como proibição do sexo antes do casamento, discrição no vestir e no consumo de bebidas alcoólicas. As motivações para estarem ali concentraram-se principalmente na busca de amigos, no equilíbrio familiar, na cura de enfermidades físicas e emocionais. Observamos o reforço de uma religiosidade que expressa as necessidades, anseios e angústias imediatas, urgentes; religiosidade, entendida como manifestação pessoal de fé, em uma busca por experiências e valores que transcendam a dimensão material e corporal, dá sentido à existência do indivíduo no mundo e equilíbrio para os diferentes aspectos da vida, determinando o comportamento e as ações deste indivíduo, de seu grupo social e mesmo da coletividade.

Biografia do Autor

Fabio Lanza, UEL

Doutor em Ciências Sociais (PUC-SP), graduado em Ciências Sociais (Unesp-Araraquara), professor adjunto do Departamento de Ciências Sociais da UEL – Londrina/PR. End. Eletrônico: lanza1975@gmail.com.

Cláudia Neves da Silva, UEL

Doutora em História (Unesp-Assis), graduada em Ciências Sociais e Serviço Social. Professora Adjunta do Departamento de Serviço Social da Universidade Estadual de Londrina/UEL. Email: claudianevess@uel.br

Downloads

Publicado

2013-02-20

Como Citar

Lanza, F., & Silva, C. N. da. (2013). RELIGIÃO, RELIGIOSIDADE E JUVENTUDE: manifestação cultural ou forma de resistência?. Anais Dos Simpósios Da ABHR, 13. Recuperado de https://revistaplura.emnuvens.com.br/anais/article/view/695

Edição

Seção

2012 GT 02: Religião e Juventude: elementos do cenário religioso no Brasil – Coords. Flávio Sofiati, Rodrigo Portella