De neófito a profeta: O papel das emoções e do corpo na trajetória espiritual dos crentes da Assembleia de Deus

Autores

  • Cleonardo Barros Roberta Campos

Resumo

Na trajetória para se chegar à maturidade espiritual, o crente pentecostal necessita ser “preenchido pelo Espírito Santo”. Esta é a condição indispensável que diferencia os neófitos daqueles que já podem ser considerados detentores de autoridade espiritual, ou seja, já chegaram ao nível da maturidade em suas carreiras espirituais. A construção da pessoa pentecostal, portanto, passa compulsoriamente por ser reconhecido, e reconhecer-se, como “cheio do poder de Deus”. Em trabalhos anteriores fizemos uso do conceito de carisma, consagrado por Weber, para dar conta do que entendem os fieis por estarem “cheios do Espírito Santo”. Assim, dizemos que também o fiel busca para si o carisma (e não só as grandes celebridades pentecostais), configurando-se a cultura pentecostal como baseada na busca generalizada pelo carisma. Esta se dá através de uma cadeia de circulação majoritariamente verbal onde o crente ordinário, tendo primeiro internalizado o carisma nos cultos, através das mensagens dos pastores, participando dos louvores, etc, deve, em seguida, externalizá-lo, “abençoando” a quem estiver ao seu alcance, principalmente no ato de “dar uma palavra”, ou seja, direcionar ao outro uma profecia (CAMPOS 2011a, 2011b; MAURICIO JUNIOR 2010, 2011, CAMPOS & MAURICIO JUNIOR, 2012). Engajar-se nesta busca, é necessário apontar, não é uma opção ofertada ao crente. Ele é instado pela comunidade a envolver-se nas interações de onde se depreende o sentido de circulação do carisma. O fiel é posto constantemente sob escrutínio para provar que está “cheio do Espirito” ou no “lugar que Deus para ele separou”. A ansiedade advinda da necessidade de superar a prova imposta pela comunidade pentecostal lança os crentes em busca das interações fiadoras de seus status de “ungidos”. Os neófitos, porém, expressam dúvidas e inseguranças em relação ao domínios das experiências de profecia (É Deus quem está mandando ou é coisa de minha cabeça?). Pretendemos, assim, esclarecer o caminho que leva da dúvida, recorrente ao neófito em meio à ansiedade de provar-se como cheio do Espírito Santo, à produção da certeza (haja vista a dúvida ser inaceitável no pentecostalismo - e no protestantismo em geral) e o consequente alcance da autoridade espiritual entre os fieis da AD. Enfatizaremos, ainda, o corpo como mediador desta trajetória, já que é ele o recipiente a ser preenchido e do qual emana o carisma. Basear-nos-emos, para chegar a este objetivo, em trabalho de campo realizado entre os crentes de duas congregações da Assembleia de Deus Vitória em Cristo no Recife.

Palavras-chave: Ansiedade. Certeza. Autoridade. Carisma. Trajetória Espiritual

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Publicado

2012-11-15

Como Citar

Roberta Campos, C. B. (2012). De neófito a profeta: O papel das emoções e do corpo na trajetória espiritual dos crentes da Assembleia de Deus. Anais Dos Simpósios Da ABHR, 13. Recuperado de https://revistaplura.emnuvens.com.br/anais/article/view/557

Edição

Seção

2012 GT 12: Corpo, Cultura e Religião – Coord. Roberto Motta, Amurabi Oliveira