Ecumenismo e Memória no Regime Militar Brasileiro

Resumo

Dentro do contexto do regime militar brasileiro (1964-1985), muitas pessoas; entre elas, jovens estudantes, líderes esquerdistas experientes, operários e agricultores unem-se num projeto de luta armada contra o regime militar. Organizados em grupos guerrilheiros, estas pessoas desafiaram os militares e começaram a fazer ações armadas, para arrecadar fundos, para a causa revolucionária esquerdista. Sequestros de embaixadores e diplomatas tornaram-se frequentes no Brasil, e isso visava a troca do sequestrado por prisioneiros políticos, que estavam sofrendo bárbaras torturas nos porões da ditadura brasileira. Assaltos a bancos tinham por finalidade financiar, as guerrilhas, tanto urbana, quanto rural. É também nesse contexto, que cristãos católicos e protestantes engajados politicamente começam a se unir em alguns pontos essenciais para fazer frente aos desmandos militares. Ocorre então no Brasil, um ecumenismo de socorro às vítimas da ditadura militar; e também um ecumenismo de preservação da memória da ditadura militar, para que as futuras gerações não esqueçam os terríveis anos de chumbo a que o Brasil foi submetido e não tenham que passar pelas agruras de um regime de exceção. Vale ressaltar que esse ecumenismo no Brasil, foi mais um ato de pessoas isoladas, que representavam suas respectivas instituições, às vezes à revelia destas, do que propriamente das instituições religiosas. Dentre várias pessoas corajosas que atuaram neste campo, nosso recorte recai sobre duas figuras de singular importância para a memória deste período trágico; o pastor presbiteriano Jaime Wrigth e o arcebispo de São Paulo, Dom Paulo Evaristo Arns. Nosso recorte, portanto, recairá sobre essas duas figuras, que de certa maneira representam uma miríade de pessoas que arriscaram suas vidas para que o mal fosse minimizado e a justiça e essência do Evangelho fossem vivenciadas. É sobre essa temática, que este trabalho pretende discorrer.