Tenda São Jorge Guerreiro: "Maria Bonita", a mãe-de-santo, a filha, a religião e a história.

Autores

  • Bruno Barros

Resumo

Com o objetivo de pesquisar o universo simbólico, material e espiritual do Outro. Este Outro que se constitui na mãe-de-santo Maria Bonita e nas filhas-de-santo: Pacílicia, De Jesus, Antônia e Narcisa é que este trabalho se faz necessário. Mulheres que desde a infância presenciavam o sobrenatural. Tiveram que escolher entre a vida no santo e a vida conjugal. No fim, a vida no santo ganhou a batalha porque foi assim que elas resolveram seus problemas de saúde. Moradoras do sertão nordestino, na infância, essas mulheres se dirigiram para Tocantinópolis com suas famílias. Não sabendo que somente lá descobririam o verdadeiro desfecho de suas vidas. Maria Bonita tem alvará de licença na umbanda e no candomblé, mas veremos que suas práticas agregam características de diversas outras religiões. 
Este trabalho consistiu na busca por entender o comportamento religioso da Tenda São Jorge Guerreiro, a partir do comportamento ritual que é sempre repleto de falas, gestos, danças, doutrinas e etc. Também empreendemos uma análise comparativa dos discursos e práticas de nossas interlocutoras, com as diversas religiões afro-brasileiras, mais especificamente com o candomblé, o tambor de mina, a umbanda e a pajelança. Isso foi necessário para que pudéssemos saber onde essas práticas se aproximam e se distanciam das práticas de nossas interlocutoras. 
Mas como estudar um objeto tão complexo e fugidio? Neste momento o trabalho do antropólogo se assemelha muito ao do xamã. O conhecimento de si, a solução de problemas sociais só se opera a partir de uma profunda viagem rumo ao desconhecido, rumo ao outro. O xamã como o antropólogo tem que sair desse mundo cotidiano e “natural” e empreender uma viagem intercultural. 
Nossa viagem começou com as disciplinas de Introdução a Metodologia da Pesquisa em Ciências Sociais e Metodologia da Pesquisa em Ciências Sociais, ministradas pelo professor Cleides Antônio Amorim. Na época o referido professor pediu que fizéssemos um projeto de algum assunto da cidade de Tocantinópolis e posteriormente deveríamos realiza-lo. Decidimos então estudar as manifestações populares da cidade, dito de outra maneira, estudamos as celebrações do Divino Espirito Santo. Lembramos então das narrativas que ouvíamos quando criança, e sem saber fomos aos poucos nos apaixonando por aquilo que as Ciências Sociais costumam classificar de cultura popular. 
O conceitode dadiva usado por Marcel Mauss aqui está para compreender a relaçao dos filhos com os encantados. E o prestigio social e espiritual da mãe-de-santo e analisado com o mana.
Enfim, a religião estudada é Maria Bonita e o terreiro é de dominio feminino.

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Publicado

2012-11-15

Como Citar

Barros, B. (2012). Tenda São Jorge Guerreiro: "Maria Bonita", a mãe-de-santo, a filha, a religião e a história. Anais Dos Simpósios Da ABHR, 13. Recuperado de https://revistaplura.emnuvens.com.br/anais/article/view/532

Edição

Seção

2012 GT 06: Religiões Afro-Brasileiras e Espiritismos – Coords. Mundicarmo Ferretti, Sergio Ferretti, Raimundo Araújo