Os Orixás da Morte: análise do ritual Pamvu Nvumbi

Resumo

Este artigo é um estudo investigativo sobre a morte em religiões de matriz africana, especificamente no Candomblé Jeje e Angola, onde abordarei aspectos tanto dos rituais relativos à morte, quanto da mitologia dos voduns e inkisses que possuem uma intima relação com este fenômeno. A morte será analisada de um ponto vista filosófico e antropológico, através de conceitos e de pesquisa de campo etnográfica realizada em duas casas de candomblé, uma angola e outra jeje, em Belém, Pará. Nas Religiões de Matriz Africana, a morte é vista com uma passagem para outro estado, o Orum. E nessa passagem o individuo se encontra com os Deuses, Orixás, Inkisses ou Voduns, que já estão junto a ele em cada momento da vida. As Religiões de Matrizes Africanas possuem três orixás que estão relacionados com a morte: Nanã, a orixá progenitora da vida e da morte, a mãe do morto, considerada como a própria morte, Oyá que deu a luz a um egum, criou o rito do axexê e é a orixá que leva o balaio do morto e Omolú, que representa a terra que come os mortos, é o orixá da cura da doença e temido “patrono dos cauris”. A partir das concepções dessas divindades para o povo do santo, analisarei o rito da nação angola denominado, Pangu Nvumbi ou Mukondu, celebrado no Mansu Nangetu Mansubando Kekê Neta, casa de candomblé angola liderada por Mame’to Nangetu. O ritual é uma obrigação de um ancestral para sua evolução espiritual. Dentro desse sistema simbólico o homem religioso se envolve em uma teia entre o real e o não-real, a partir da sua crença. A morte não é temida para quem professa este credo, pois o individuo está mergulhando nos atos da morte, que fazem parte da sua consciência coletiva e do seu próprio conceito de vida.