É Proibido Bater Tambor: Candomblé em Feira de Santana (1889 - 1940).

Autores

  • Gabriela Nascimento

Resumo

Este é um trabalho que pretende analisar como ocorreu a repressão aos Candomblés de Feira de Santana durante o período de 1889 a 1940, haja vista que em todo o Brasil foi recorrente a perseguição ao culto de matriz africana. Feira de Santana tornou-se município em 1873, a região anteriormente já servia como ponto de parada de tropeiros e viajantes, motivo este que levou a um maior desenvolvimento. O município em plena ascensão econômica e urbana buscava inspiração para seu progresso nos modelos vindos de Salvador, Rio de Janeiro, e outras cidades consideradas desenvolvidas.
O objetivo desse trabalho é analisar como conflitos entre os fiéis do Candomblé e a sociedade feirense ocorreram, percebendo como a cidade recebeu esses ideais de urbanização e modernidade e de que maneira esses objetivos tiveram reflexo nas religiões afro-brasileiras e nos indivíduos que as representavam.
A delimitação temporal refere-se a um período de mudança no quadro político nacional, alteração que se reflete em todos os ramos da sociedade que não apenas o político, mas econômica, social, cultural, entre tantos outros aspectos que compõem a estrutura de uma sociedade. A pesquisa começa então com a instituição da Primeira República no Brasil, 1889. Nesse sentido podemos perceber grandes transformações no cenário nacional, procurando estudar as tentativas de combate às religiões afro-brasileiras e como o povo de santo contornou as perseguições. A pesquisa termina em 1940, sendo analisado as mudanças sociais que foram relevantes para os candomblecistas durante a República Velha e posterior ao seu fim. 
A pertinência deste trabalho está na tentativa de esclarecer como eram reconhecidos e tratados os adeptos do Candomblé em Feira de Santana, procurando desvelar que setores e indivíduos da sociedade feirense estavam envolvidos numa política de repressão e desmerecimento à religião afro-brasileira. A partir disso, perceber como reagiram e resistiram os membros de Candomblés na cidade frente às perseguições sofridas, marcando desse modo uma resistência do povo de santo na cidade de Feira de Santana.
O trabalho tem como base a análise de processos crime, norteadores de como pensar as tentativas de criminalização do Candomblé na cidade, tendo em vista perceber o discurso policial referente ao tema. Contíguo com ao exame dos processos crime, há a análise de periódicos, que nos dão maiores recursos para perceber como era representada a religião na cidade. Os jornais até então analisados correspondem ao período entre 1892 e 1940. As notas estão localizadas nos periódicos Folha do Norte, Gazeta do Povo e Folha Feira. A maioria das publicações acusam os candomblecistas de praticarem bruxaria e feitiçaria, abrindo espaço para a demonização desta religião no imaginário popular.

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Publicado

2012-11-14

Como Citar

Nascimento, G. (2012). É Proibido Bater Tambor: Candomblé em Feira de Santana (1889 - 1940). Anais Dos Simpósios Da ABHR, 13. Recuperado de https://revistaplura.emnuvens.com.br/anais/article/view/527

Edição

Seção

2012 GT 06: Religiões Afro-Brasileiras e Espiritismos – Coords. Mundicarmo Ferretti, Sergio Ferretti, Raimundo Araújo