Educação para a ação e não para a fruição: projeto de globalização de colégios da Companhia de Jesus na Modernidade

Autores

  • Fernanda Santos

Resumo

Numa sociedade que oscilou dentro de perturbações críticas e de contestações religiosas no século XVI, a Companhia de Jesus jogou suas cartas no ensino, uma arma capaz de provocar transformações sociais. 
Os Jesuítas quiseram levar o mais longe possível o seu esforço utópico de universalização do Cristianismo, motivados por um ambiente de militância proselitista impulsionada pela Contra Reforma, consagrada no Concílio de Trento (1543-1563). No contexto histórico, o desenrolar da Reforma protestante e sua expansão na Europa levaram a uma tentativa de fortalecer as bases do Cristianismo romano nos reinos que haviam resistido às investidas do Protestantismo, como França, Espanha, Portugal, Itália. Nesta missão a que os Jesuítas se propuseram, os colégios foram um dos instrumentos fundamentais para alcançar tal objetivo. 
Podemos, em certa medida, aventar que a primeira tentativa de criar redes globais de ensino está associada aos colégios dependentes de congregações religiosas. Neste sentido, é pioneira e emblemática a rede de colégios intercontinental dos Jesuítas, com a mesma estrutura, o mesmo idéario, os mesmos manuais e até o mesmo método de ensino. O fato de a educação ter sido um meio utilizado de evangelização e expansão do Cristianismo pela Companhia, não significa que esta tivesse sido o seu primeiro objetivo. No entanto, foi uma atividade que se sobressaiu, no meio de muitas outras atividades exercidas pelos Jesuítas.
A educação global foi, em grande medida, associada aos colégios, e a Companhia de Jesus fez deles uma realidade internacional, não deixando de lhes imprimir uma dinâmica nova, aprofundando técnicas pedagógicas e institucionalizando novas modalidades no ensino. Nesse sentido, os textos base de Santo Inácio de Loyola foram fundamentais, orientando a educação para a ação, privilegiada em relação à fruição.
Dominique Julia afirmou que o século XVI assistiu, deste modo, à construção de um espaço particular, fazendo-se valer o que era da posse das universidades desde o século XV, que agora se prolonga na estrutura do colégio.Tendo em conta o perfil missionário da Companhia de Jesus, a sua pedagogia conheceu uma expansão a nível mundial, tornando-se global e unificada por um ideário comum, e por uma obra que orientará toda a metodologia de ensino dos Jesuítas: a Ratio Studiorum. De fato, a Companhia apresentou-se, no campo pedagógico, como possuidora de uma consciência que nunca até aí se impusera com tanta convicção: a da importância social da educação e do ensino. O ideal jesuítico era sentar todas as crianças nos bancos das suas escolas, orientando o seu ensino para modelá-las dentro do pensamento religioso cristão e filosófico que os orientava.

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Publicado

2012-11-14

Como Citar

Santos, F. (2012). Educação para a ação e não para a fruição: projeto de globalização de colégios da Companhia de Jesus na Modernidade. Anais Dos Simpósios Da ABHR, 13. Recuperado de https://revistaplura.emnuvens.com.br/anais/article/view/503

Edição

Seção

2012 GT 01: Religião Educação e Sociedade – Coords. Eulálio Figueira, Fernando Campos