Entre Curas: as diferentes práticas medicinais em cidades mineiras no final do século XIX e início do século XX

Autores

  • Lucas Viera

Resumo

O final do século XIX e início do XX no Brasil é marcado por uma crescente disputa identitária na área da saúde. Desde meados do XIX, mais especificamente em 1851, com a criação da Junta de Higiene, os médicos acadêmicos buscavam estratégias para conseguir tal monopólio. Mas a despeito do enfoque atribuído à ação dos médicos acadêmicos por uma bibliografia vinculada à história da medicina, estes agentes estavam longe deterem o almejado monopólio das práticas de cura. Havia outro grupo, que também se dedicava à arte e aos ofícios de curar. Eram os terapeutas populares. Assim, também devemos ter em mente que ao estudar a história da medicina não podemos parti do pressuposto de que há uma única prática ou percepção acerca da saúde e do corpo que perpassa o universo da cura em determinado tempo histórico. Ao analisarmos José Silvério Horta, ou Monsenhor Horta – como era mais conhecido –, padre que viveu em Mariana, entre os anos de 1859 até 1933, e se dedicou as práticas de cura populares/religiosas, iremos discutir como suas concepções sobre saúde, doença e cura não se tratam de concepções únicas acerca do universo da cura, mas são na verdade uma de várias outras possíveis e que coexistem sobre cura, doença e saúde na sociedade mineira do final do oitocentos. Desta forma, demonstraremos que o monopólio do saber e dos ofícios da arte de curar não é conquistado pelos médicos sem conflito, sem apropriações e negociações entre os agentes envolvidos nestas atividades – sejam pacientes, sejam os práticos. Assim, pretendemos mostrar como vários saberes/possibilidades de curar coexistiam nas cidades mineiras no final do século XIX e início do século XX. Mostrar como as pessoas tinham no seu cotidiano inúmeras possibilidades e discursos para cura, podendo recorrer a uma ou mais de uma delas simultaneamente. Além disso, pretendemos também demonstrar como a percepção de cura nos coloca de frente a uma sobre doença. Assim necessariamente ao se deparar com um corpo sofrido por uma moléstia, um corpo fora de seu equilíbrio, Monsenhor Horta nos demonstra também o que ele concebe como um corpo são, um corpo equilibrado, e através de suas práticas e discursos acerca da saúde e da doença, podemos perceber e descobrir quais concepções sobre cura, saúde e doença que se passavam em Mariana no final do século XVIII e início do século XIX, além de perceber como a religiosidade estava presente nas práticas e concepções de cura popular da sociedade mineira.

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Publicado

2012-11-15

Como Citar

Viera, L. (2012). Entre Curas: as diferentes práticas medicinais em cidades mineiras no final do século XIX e início do século XX. Anais Dos Simpósios Da ABHR, 13. Recuperado de https://revistaplura.emnuvens.com.br/anais/article/view/460

Edição

Seção

2012 GT 12: Corpo, Cultura e Religião – Coord. Roberto Motta, Amurabi Oliveira