Concepções Sobre a História na Teologia da Libertação (1971 -1989)
Resumo
O presente trabalho pretende discutir algumas das principais elaborações intelectuais da Teologia da Libertação. A partir da leitura de obras teológicas escritas por dois intelectuais católicos; Leonardo Boff e Clodovis Boff, pretende-se avaliar que concepções de História foram formuladas por eles. Ao pesquisar estes escritos a intenção é debater, refletir o que significa para os sujeitos investigados na pesquisa tanto a Historia, enquanto processo como também o valor do conhecimento histórico para eles. Pergunta-se também sobre a relevância deste conteúdo para o desenvolvimento da Historiografia latino-americana; brasileira e que influências essas proposições intelectuais exerceram sobre parte da Igreja Católica do Brasil entre os anos de 1971 a 1989.As principais fontes analisadas são alguns trabalhos originais escritos por Leonardo Boff e seu irmão Clodovis Boff, expoentes significativos, da Teologia da Libertação. Procura-se descrever e discutir sobre como, os referidos intelectuais, se apropriaram do conhecimento Histórico para construção de suas elaborações teológicas sem romper com suas crenças religiosas fundamentadas na tradição de pensadores católicos. Qual peso teve visões distintas da ortodoxia da Igreja católica neste processo.
Intelectuais simpáticos a Teologia da Libertação defendem concepções de caráter profético. Há convergências entre estes teólogos católicos da segunda metade do século XX e os antigos profetas hebreus. Neste movimento há uma tentativa de superação das visões teológicas de tendências essencialistas defensoras da preexistência de categorias universais, impositoras do status quo. Para eles não há separação entre uma história secular e outra divina da salvação, suas idéias rompem com as tendências herdadas das tradições neoplatônica, agostiniana de conceber deuses a-históricos e manipuladores dos homens.
O referencial teórico é a compreensão de Roger Chartier sobre História e representação. As construções teóricas serão feitas como um entendimento momentâneo do objeto estudado (discurso destes intelectuais católicos) e não como determinação do real. A reelaboração do discurso religioso presente nas fontes avaliadas e sua relação com concepções laico filosóficas e científicas será relacionada a definição de apropriação também retirada das formulações de Chartier. A utilização de tais instrumentos é pertinente, pois, pretende-se avaliar que relações dialógicas foram estabelecidas entre o conhecimento religioso baseado na tradição cristã e o científico para entendimento da realidade brasileira. Não há nesta tarefa nenhuma intenção de provar a supremacia de um saber sobre o outro, mas sim, de refletir a relação entre eles.
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Publicado
2012-11-15
Como Citar
Rangell, D. (2012). Concepções Sobre a História na Teologia da Libertação (1971 -1989). Anais Dos Simpósios Da ABHR, 13. Recuperado de https://revistaplura.emnuvens.com.br/anais/article/view/457
Edição
Seção
2012 GT 10: Cristianismos e politicidades – Coords. Arnaldo Huff Júnior, Wellington Teodoro da Silva