Diálogos e Sincretismos na Atualidade: o Glorioso São Sebastião visita o Mansu Nangetu durante Trezena de Santo Onofre

Resumo

Entrar no Mansu Nangetu, um terreiro de Candomblé nação Angola, é deparar-se a um contexto multifacetado espacialmente e simbolicamente. Facetas que não necessariamente perpassam pelo aspecto religioso. O social, o cultural e o político também constituem parte deste enredo. Há uma abertura dialógica por parte dos seus membros, filhos-de-santo e mãe-de-santo, que permite a intercessão deste terreiro com membros de outras religiões, num possível diálogo inter-religioso. Mas também há fatos específicos, como a visitação (como prática de esmolação do santo) do Glorioso São Sebastião do município de Cachoeira do Arari ao terreiro em Belém, durante a Trezena de Santo Onofre, uma tradição familiar da sacerdotisa deste terreiro. Ambas as atividades sugerem refletir antropologicamente a atualidade e dinâmica do conceito de Sincretismo e disposição dos religiosos em torno do chamado Diálogo inter-religioso, ainda mais quando não há o caso de dupla pertença: afro-religiosos se dizem candomblecistas e católicos se dizem católicos, porém reconhecem a historicidade dos encontros dessas duas religiosidades no Brasil. Assim, o presente trabalho propõe-se discutir os sentidos dos símbolos católicos e afro-católicos a partir da etnografia da visita do Santo católico, São Sebastião, durante a trezena de Santo Onofre no contexto mais amplo de significação do espaço afro-religioso do Mansu Nangetu e sua mãe-de-santo.