A Ciência Do Espírito: Aspectos Da Identidade Espírita No Maranhão

Resumo

O presente trabalho busca compreender uma faceta do processo de construção da identidade da religião espírita no Maranhão. Através da análise dos escritos de jornais ligados ao espiritismo que circulavam em São Luís durante o final do século XIX para o início do século XX, foi possível considerar alguns aspectos das disputas por legitimação do espiritismo, as quais os espíritas travaram com outras crenças, com a dita ciência e, mesmo, internamente a eles. O espiritismo – entendido aqui como a doutrina sistematizada por Hippolyte Léon Denizard Rivail, vulgo Allan Kardec – tentou não só se legitimar diante de outras religiões, como também se diferenciar de outras práticas religiosas que receberiam a alcunha de ‘espiritismo’. De maneira geral, o pretenso caráter de cientificidade, elaborado desde a codificação da doutrina, foi o principal elemento legitimador para a fé espírita. “O espiritismo é uma Sciencia”, afirmava com convicção o jornal Pegureiro da Fé. O espiritismo se pretendia superior tanto às outras religiões quanto à própria ciência iluminista de então. Fazia-o por conceber-se não só como científico e racional, mas também por tentar unir fé e razão, ciência e espiritualidade. A cientificidade era tomada como a característica diferencial e legitimadora da então nascente fé espírita. A pesquisa tem procedido, metodologicamente, através da digitalização e transcrição de jornais e livros da época que se ocupavam do fenômeno da doutrina espírita, a qual avançava em território maranhense, analisando-se seus discursos na busca por compreender as continuidades e descontinuidades do processo de construção da identidade espírita.