“Uma nova criatura” – processos de conversão entre jovens rapazes

Autores

  • Alexandre Soares Ana Keila

Resumo

Compreender profundamente os processos relações religiosos na contemporaneidade exige pensar este campo em contínua interlocução com outros recortes e categorias de análise. Este trabalho objetiva discutir nexos existentes entre masculinidade e juventude quando matizadas por processos de conversão religiosa. Foi realizada etnografia em grupos de jovens de duas denominações: uma kardecista, e outra neopentecostal (Igreja Universal do Reino de Deus), localizados no ABC paulista. Foram analisadas as relações estabelecidas entre diferentes masculinidades e identidades juvenis durante o processo de conversão.

Diversas dimensões da identidade desses indivíduos são ressignificadas nesse processo, de maneira que entram em conflitos e negociação comportamentos e valores. Entre os jovens da IURD, é constante o debate entre a postura esperada do fiel e a masculinidade tida como profana, em especial com relação à sexualidade ou bebidas e drogas. A memória passa a ser reinterpretada: o passado se torna emblema de superação pela “salvação” ou conversão, retratada por tonalidades dramáticas. Para os jovens espíritas, o processo de conversão é visto pelo prisma da escolha racional, idealizada como o caminho da verdade, de modo que a busca pelo conhecimento revelado pelo espiritismo passa a ser prioridade. A “nova criatura”, para os jovens iurdianos, reveste-se de valores eclesiásticos compostos por valores tradicionais de virilidade masculina que se complementa pela busca da “mulher de Deus”, cujo perfil recupera os atributos da submissão e da virgindade femininas como símbolos de pureza e virtude. Entre os jovens espíritas, a conversão não estabelece um retorno à ordem tradicional de relação de gênero. Ao contrário, eles vivem a adesão à vida religiosa como parte integrante dos valores contemporâneos de liberdade e individualismo, voltados ao desenvolvimento pessoal.

A forma como (novas) visões de mundo e estilo de vida emergem, e que escolhas passam a ser feitas e os significados que podem ser atribuídos a essas são discussões emergentes no trabalho.

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Publicado

2012-11-14

Como Citar

Ana Keila, A. S. (2012). “Uma nova criatura” – processos de conversão entre jovens rapazes. Anais Dos Simpósios Da ABHR, 13. Recuperado de https://revistaplura.emnuvens.com.br/anais/article/view/443

Edição

Seção

2012 GT 02: Religião e Juventude: elementos do cenário religioso no Brasil – Coords. Flávio Sofiati, Rodrigo Portella