A presença de Marx no pensamento religioso de Rubem Alves: uma reflexão inicial

Autores

  • Antonio Vidal Nunes

Resumo

Pretendemos neste trabalho evidenciar a presença de Karl Marx na reflexão religiosa de Rubem Alves em dois momentos do seu itinerário reflexivo: o teológico e o filosófico-poético. Provavelmente, o contato de Rubem Alves com a obra de Marx inicia-se em meados da década de 1950, através do professor Richard Shaull, do qual foi aluno no seminário presbiteriano de Campinas. Identificado com Shaull, o então, jovem teólogo brasileiro inicia os seus primeiros escritos teológicos. O trabalho mais importante de sua juventude foi escrito durante o ano de 1963 nos Estados Unidos. Alves desenvolve uma nova teologia com a pretensão de contribuir com os processos de mudanças pelos quais passavam a nação brasileira. Defendendo uma fé engajada, elabora um pensamento que pudesse justificar a participação dos cristãos e da igreja, no novo momento histórico. A contribuição de Marx para ele estava em propiciar os instrumentos necessários a uma compreensão adequada das contradições presentes na realidade brasileira, assim como, propor estratégias pertinentes à superação da situação de desumanização encontrada no país. Ressaltava a necessidade de a igreja levar em conta as criticas que Marx fazia à religião, mas destacava os riscos do Marxismo se tornar uma metafísica. Com o golpe militar ocorrido no Brasil, Alves é obrigado a ir para o exílio. Distante de sua pátria ele faz uma avaliação crítica da reflexão até então realizada. Aos poucos passa a desenvolver uma filosofia centrada no homem. O seu humanismo denuncia as formas de opressão vividas na sociedade capitalista e industrializada, ao mesmo tempo em que busca explicar os caminhos de libertação. Em relação ao religioso não se coloca mais como teólogo, mas como filósofo que procura sondar o coração humano. Descobre então que a religião vincula-se aos desejos humanos. Continua na companhia de Marx, com ele evidencia a lógica de dominação presente na sociedade, mas dele se distancia na compreensão da religião. Em parte, aceita as criticas de Marx à religião, mas não deixará de apontar os limites de sua reflexão. Para ele o pensador alemão, analisara a religião naquilo que ela tem de tardio: as representações, as organizações religiosas. Segundo Alves, o momento primordial da experiência religiosa, a conversão, que explicita em seu livro o Enigma da religião, não é considerado pelo pensador alemão.
Palavras-chave: Rubem Alves, Karl Marx, religião, desejo, homem

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Publicado

2012-11-16

Como Citar

Nunes, A. V. (2012). A presença de Marx no pensamento religioso de Rubem Alves: uma reflexão inicial. Anais Dos Simpósios Da ABHR, 13. Recuperado de https://revistaplura.emnuvens.com.br/anais/article/view/424

Edição

Seção

2012 GT 25: Filosofia da Religião e Compreensão das Formas de Vida Religiosa no Brasil – Coords. Flávio Senra Ribeiro