“Singulares”, “Pitorescos”, “Divertimentos” – A visão de protestantes sobre a cultura funerária brasileira
Resumo
Temática de crescentes análises na historiografia nacional, a História da Morte no ocidente cristão conforme definição de seu expoente autor Philippe Ariès é envolta de uma problemática moderna que gira em torno de sua aproximação e ou afastamento dos aspectos religiosos cristãos; a chamada dessacralização, processo de origem iluminista supostamente percorrido pelos países ocidentais. Esse processo englobaria inicialmente as ciências e a organização em si do Estado Moderno e Contemporâneo, e posteriormente seria observável no comportamento e cultura popular. De modo diferente o mesmo autor relata uma racionalização do funeral protestante; transformação tal percebida ao se debruçar pelos diversos pesquisadores da cultura funerária inglesa e norte americana.Apesar dos apontamentos iniciais dos autores franceses, e dos dados de Cláudia Rodrigues, a respeito da diminuição significativa dos testamentos conforme o século XIX se desenrolava (o que poderia significar uma diminuição da busca pela boa morte), uma cultura funerária explicitamente religiosa permaneceu viva no cotidiano brasileiro, conforme observaram os viajantes que aqui passaram, rendendo assim descrições detalhadas sobre uma cultura cristã viva; Por pouco tempo, ao menos nos grandes centros urbanos. Tais observações mostram-se riquíssimas se pegarmos os trabalhos dos viajantes que aqui passaram cuja fé religiosa era cristã protestante (anglicana, metodista, presbiteriana etc); Mesmo os não missionários (a maioria dos analisados), ao se depararem com tais manifestações religiosas, algumas vezes festivas, registravam comentários, ou páginas e páginas de descrições visuais ou relatos de terceiros, demonstrando assim a importância visual daquilo: O estranhamento, a curiosidade ou o descaso, é apenas o começo de extensas descrições provenientes desse encontro dessas duas culturas religiosas, as quais são passíveis das mais diversas análises.
Neste trabalho buscarei analisar as descrições dos funerais brasileiros por meio de 15 relatos (em sua língua materna) escritos por viajantes que aqui estiveram do começo do século XIX ao final deste. Além disso, tentarei contextualizar a cultura funerária vitoriana por meio de publicações inglesas, norte-americanas e francesas, de modo a compreender a origem cultural-religiosa a qual estes estavam acostumados em seu país de origem. Desse modo, complementar-se-á a análise útil em diversos contextos, de autores como Amilcar Torrão Filho sobre a questão da alteridade nos viajantes, a um nível da cultura funerária religiosa.
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Publicado
2012-11-15
Como Citar
Cordeiro, G. (2012). “Singulares”, “Pitorescos”, “Divertimentos” – A visão de protestantes sobre a cultura funerária brasileira. Anais Dos Simpósios Da ABHR, 13. Recuperado de https://revistaplura.emnuvens.com.br/anais/article/view/415
Edição
Seção
2012 GT 22: Tradições religiosas no Brasil: festa, devoção e misticismo – Coords. Mauro Passos, Mara Regina Nascimento