“Digas ‘não’ e salvar-te-emos pela coalizão”: pressão, patrulhamento e desagendamento nas relações entre a bancada evangélica e Dilma Rousseff

Autores

  • Emanuel Freitas

Resumo

O artigo compõe-se de elementos analíticos que permitem compreender as relações de poder engendradas entre a bancada de parlamentares evangélicos e Dilma Rousseff, num período que compreende desde a campanha eleitoral de 2010 até meados do segundo ano de governo. Partimos da compreensão de que, no Brasil, a pretendida laicização do Estado desembocou em novas formas de expressão da religiosidade, e não em sua supressão (MONTERO, 2008), inclusive tomando por palco principal a ser conquistado a esfera pública de poder representativo (MIRANDA, 2009). Assim é que, ao expressar-se por meio de candidaturas próprias, direta e expressamente ligadas à determinadas denominações cristãs, as vitórias eleitorais desses candidatos tem contribuído para sedimentar a lógica de nosso “presidencialismo de coalizão”(MARTUSCELLI, 2010; PASQUARELLI, 2010; PIVA, 2008), formando uma elite parlamentar com fortes pretensões de hegemonia no cenário nacional. Transpondo o conceito de “agendamento” (McCombs e Shaw) para o campo da análise política, compreendemos as várias manifestações (e seus discursos constituintes) da referida bancada sempre que Dilma Rousseff direcionou-se para políticas de cunha progressista, especialmente em relação à comunidade LGBTT, expressando-se por meio de pressões e “patrulhamento” dessas ações governamentais, elencando as razões dessa oposição a partir de preceitos da “moral cristã”, valendo-se da necessidade da coalizão para impor sua lógica ao conjunto da sociedade. Em nossas conclusões, verificamos em que medida esses fatos, bem como o recuo do governo, têm feito o país caminhar rumo a um “Estado confessional”, haja visto que, conforme verificamos durante a pesquisa, as iniciativas comporem-se de um articulado “plano de poder” (MACEDO, 2008).

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Publicado

2012-11-15

Como Citar

Freitas, E. (2012). “Digas ‘não’ e salvar-te-emos pela coalizão”: pressão, patrulhamento e desagendamento nas relações entre a bancada evangélica e Dilma Rousseff. Anais Dos Simpósios Da ABHR, 13. Recuperado de https://revistaplura.emnuvens.com.br/anais/article/view/407

Edição

Seção

2012 GT 20: Protestantismos, política e ecumenismo – Coords. Elizete da Silva, Vasni de Almeida