O ecumenismo da Igreja Batista Nazareth: um caminho para a Bahia de todos os santos. De 1974 a 1980.

Autores

  • Diogo Seixas

Resumo

A Ditadura Militar corresponde a um dos períodos mais escuros da História contemporânea do Brasil. O cerceamento da liberdade e a forte repressão são características de grande destaque desse momento, entretanto, também encontramos nesse período uma crescente efervescência política, cultural e social. Diversos grupos, inclusive religiosos, organizaram-se em oposição ao regime militar, encontra partida muitos outros se estabeleceram no cenário político nacional apoiando o referido governo.
Inconformados com a postura de grande parte do segmento evangélico brasileiro, de silêncio, apoio e até conivência frente à ditadura militar, um grupo de aproximadamente 25 jovens formam a Igreja Batista Nazareth, em Salvador, no ano de 1975. Igreja de postura ecumênica, engajou-se na sociedade participando de movimentos sociais , elaborou uma liturgia própria que além do uso de musicas de diferentes grupos religiosos também utilizou músicas populares. Nazareth se propôs a lutar contra toda e qualquer forma de preconceito, opressão, marginalização e violência ao ser humano.
O presente trabalho busca analisar as idéias da referida Igreja, entendendo os motivos que a fizeram assumir um posicionamento ecumênico e progressista, relacionando-a com o momento histórico na qual foi organizada. Estas idéias geraram conflitos no campo político e religioso da época. Serão aqui analisados alguns desses pontos, destacando a relação cada vez mais próxima do campo religioso com o político. 
Através dos materiais de estudos e litúrgicos criados pela própria Igreja Batista Nazareth, procuro entender o seu pensamento destacando alguns conceitos relevantes à época como progressistas, ecumênicos e comunismo, além de analisar como e porque de outros grupos associarem as idéias de Nazareth ao comunismo. Os jornais, cartas e entrevistas também servirão como fontes para a análise de seu discurso. Com esse material podemos entender as representações que foram elaboradas por e para a referida Igreja. A origem dessas fontes já nos revelará uma intencionalidade para a construção dessa representação. Pretendo aqui fazer uma analise de alguns desses conceitos utilizados para a estruturação do imaginário que circundou Nazareth.
Com esse trabalho é possível perceber que é a partir desse período que segmentos do protestantismo brasileiro assumem um posicionamento político de forma mais clara e freqüentemente mais agressiva. O embate religioso compõe uma extensão dos conflitos políticos e sociais da época. Aqui também encontramos uma versão da História contada por um grupo excluído e/ou marginalizado por grande parte das instituições que apoiavam o poder estabelecido. Histórias essa muitas vezes nunca contadas, a não ser dentro do próprio grupo.

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Publicado

2012-11-15

Como Citar

Seixas, D. (2012). O ecumenismo da Igreja Batista Nazareth: um caminho para a Bahia de todos os santos. De 1974 a 1980. Anais Dos Simpósios Da ABHR, 13. Recuperado de https://revistaplura.emnuvens.com.br/anais/article/view/404

Edição

Seção

2012 GT 20: Protestantismos, política e ecumenismo – Coords. Elizete da Silva, Vasni de Almeida