"O Comunismo é o Ópio do Povo": Representações dos Batistas sobre o Comunismo, o Ecumenismo e o Governo Militar na Bahia

Resumo

Esta comunicação tem como objetivo apresentar os resultados da dissertação de mestrado defendida no programa de pós-graduação em história da UEFS. Sua principal proposta foi analisar as práticas e representações construídas pela Denominação Batista sobre o comunismo, o ecumenismo e o Governo Militar na Bahia. Inicialmente, partiu-se das Campanhas de Evangelização investigando seu papel na demonstração da postura oficial dos batistas frente às movimentações políticas de 1964. Em seguida, analisou-se como através do anticomunismo específico do grupo, das intervenções em favor do Governo Militar e da participação política, os batistas baianos assumiam um importante papel de apoio ao Estado, indo de encontro com a dita separação entre Igreja e Estado defendida pelo grupo. Teve destaque também, o importante papel exercido pelos batistas progressistas, em especial, da Juventude Batista Baiana que, nesta conjuntura, colocaram-se contrários ao posicionamento oficial da Convenção Batista Brasileira e Baiana. Por fim, foram enfatizadas as profundas alterações no campo batista baiano resultantes desses conflitos entre conservadores e progressistas, com especial atenção à Igreja Batista de Nazareth em Salvador e aos fundamentalistas em Feira de Santana. Para a realização deste trabalho, utilizou-se como referenciais metodológicos a História Cultural de Roger Chartier, em especial seus conceitos de representações, práticas e apropriação; a discussão de campo religioso de Bourdieu e os conceitos de intelectual e hegemonia cunhados por Gramsci. Dentre as principais fontes consultadas, estão os jornais nacionais e estaduais da Denominação Batista, livros disponíveis na biblioteca de seu seminário, documentos avulsos de arquivos particulares e entrevistas através da metodologia da história oral.