Religião e Crime organizado na favela do Tijuco Preto em São Paulo.

Resumo

“Mães angustiadas, filhos problemáticos, famílias destruídas, fins de semana trágicos, o sistema quer isso e a molecada vai ter que aprender”. Racionais Mc"s

O trecho da músicas selecionada apresenta a realidade de milhões de homens e mulheres que vivem à margem da sociedade brasileira sob precárias condições de moradia e de vida, e que buscam através de diversos mecanismos a superação com as mazelas que as cercam cotidianamente.
Em uma conjuntura tão conturbada, onde não existe reais certezas de vida, jovens apresentam-se como “iscas fáceis” nos mares do crime, do mesmo modo que buscam legitimar a própria existência através de práticas condenáveis pelos meios “legais”.
A participação na “vida do crime” em muitos aspectos acaba por se tornar um refúgio para indivíduos que não são aceitos em uma sociedade altamente individualista e preconceituosa, onde morar em favelas e em bairros pobres acaba por se tornar um sinônimo de marginalidade. Sobreviver nesta realidade é a luta diária travada por milhões de pessoas.
É justamente nesta realidade que vamos mergulhar e sob a ótica daqueles que dão vida a favela do Tijuco Preto no extremo leste de São Paulo: os próprios moradores. Buscaremos decifrar os enigmas que norteiam as relações destes indivíduos, a participação do crime organizado (PCC) no interior da Tijuco, as aproximações com as igrejas pentecostais, os prazeres, os conflitos e a sociabilidade oferecidos pelos bares, a participação das igrejas pentecostais na dinâmica das relações cotidianas e o processo de conversão de integrantes do PCC ao pentecostalismo.
A conversão de membros de facções criminosas ao pentecostalismo apresenta uma real ruptura com os comportamentos outrora praticados ou uma continuidade com tais práticas ?
Nesta comunicação buscarei apresentar os resultados parciais de minha pesquisa de mestrado (em andamento pelo Programa de Ciência da Religião da PUC-SP) Não busco resolver os atuais problemas do pentecostalismo, mas lançar novas dúvidas do atual campo religioso brasileiro.