Notas sobre a construção mítica dos líderes e midiática das celebridades no contexto católico brasileiro

Resumo

O padre-cantor troca o púlpito – onde exercia a função de pregador, investido de autoridade – pelo palco, onde exerce apenas o papel de cantor ou artista, enfraquecido em sua autoridade e diluído nas ideologias dos meios de comunicação. Neste contexto, ocorre a minimização do pregador em cantor, da palavra em imagem, do discurso em representação. 
O desafio é entender a relação ética-estética em uma sociedade espetacularizada marcada pela migração da palavra para a imagem, do discurso para a representação, do logocentrismo para a iconofilia. E, neste sentido, tentar entender a maneira como nos relacionamos com o mundo e como nos relacionamos uns com os outros por intermédio dos objetos e seu arsenal imagético. 
Uma vez que as relações sociais são mediadas pelos objetos e suas imagens, é preciso discutir o processo comunicacional para a produção do consumo a partir da construção do imaginário de uma nova figura de sacerdote em uma sociedade caracterizada pela cultura do espetáculo.
Diante deste cenário, o brasileiro está tratando a religião como objeto de consumo: adere a uma igreja segundo necessidades de momento, podendo mudar de crença de acordo com suas contingências. Nossa intenção é verificar como a Igreja Católica busca sua sobrevivência no Brasil, operando sínteses-dialéticas e valendo-se dos processos midiáticos para manter o senso de coletividade em uma sociedade marcada pelo narcisismo e individualismo. Neste contexto nem o sacerdote escapa: trafega entre o púlpito e o palco.