A Nova Era e suas Idiossincrasias no Brasil: O Caso do Vale do Amanhecer
Resumo
Resumo: A Nova Era tem sido um fenômeno de difícil apreensão, devido mesmo a heterogeneidade de práticas e valores que ela abarca (HERVIEU-LÉGER, 2008, AMARAL, 2000, MAGNANI, 1999), incluindo aí aquelas que não são necessariamente religiosas. Amaral (1999, 2000) argumenta que a Nova Era caracteriza-se pela retirada dos mais diversos elementos de seus contextos originais, arranjando-os e rearranjando-os de forma performática. Em sua origem, encontramos a convergência de diversos discursos e práticas, em especial, uma busca pela convergência entre oriente e ocidente. Ao ganhar visibilidade no Brasil, a Nova Era ganha também contornos próprios, não apenas reproduzindo o que é produzido no contexto europeu e americano, como também articulando com elementos presentes nas religiosidades populares, em especial com o catolicismo, o espiritismo kardecista e a as religiões afro-brasileira, fenômeno este já apontado por outros autores GUERRIERO (2009), AMARAL (2003), configurando, assim, o que denominamos em trabalhos anteriores de New Age Popular (OLIVEIRA, 2008, 2009). Buscamos aqui destacar a articulação realizada na constituição do universo místico-religioso do Vale do Amanhecer, movimento fundado no final dos anos 60 em Brasília por “Tia Neiva”, que sincretiza elementos presentes no catolicismo, espiritismo e umbanda, principalmente, utilizando também das mais diversas matrizes culturais, ao menos em nível performático-visual. Realizamos nossa análise baseada na teoria de Bourdieu, através da qual, buscamos compreender a configuração no Vale, através de um complexo jogo de aproximações e distanciamentos, em relação à religiosidade popular, cujo objetivo maior é a acumulação de capital religioso do movimento.