Da necessidade de autocrítica às tradições religiosas asiáticas nos estudos dedicados a espiritualidades e natureza:
O caso hindu
Resumo
Pesquisas e estudos debruçados sobre as relações entre espiritualidades e natureza recorrentemente enfatizam tradições religiosas de origem asiática, principalmente aquelas para além do judaísmo, do cristianismo e do islamismo, como fontes doutrinais de permanente e incontestável exortação à reciprocidade amistosa entre seres humanos e meio ambiente, sobretudo no tocante à tentativa de distingui-los radicalmente um do outro, num esforço de destacar a coextensividade entre ambos na composição da natureza do ponto de vista mais amplo da existência. No entanto, é possível perceber, especialmente nos casos chinês e indiano, alguns momentos de refração a esta expectativa, pelo menos em termos ortodoxos identificáveis em literaturas sagradas hindus. O objetivo da presente Comunicação é contribuir para uma crítica a uma visão romantizada da Ásia, segundo uma iniciativa ambientalista que nunca foi uma concepção unívoca nas tradições hindus, no intuito da promoção de exercícios de reflexão e autocrítica fundamentais para coibir visões monolíticas que obscureçam o diálogo como reciprocidade factual construtiva em torno de ensino, pesquisa e extensão acadêmicas em torno das relações entre espiritualidades e natureza - evitando-se, com isso, processos de silenciamento e esquecimento convenientes apenas a determinadas retóricas que distorçam processos no quais estão inseridas -, a partir de dois episódios narrativos hindus, um no Mahabharata, e outro no Ramayana de Valmiki.
Palavras-chave: Tradições hindus; Mahabharata; Ramayana de Valmiki; natureza; dharma hindu.
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