Nas trilhas das mulheres negras:
O silêncio dos arquivos na região do Vale do Paraopeba-MG
Resumo
A casa de Cultura de Bonfim tem o maior acervo de documentos inéditos do século XIX e XX da região do Vale do Paraopeba- MG. Para essa comunicação apresentaremos o resultado de duas pesquisas sobre o lugar das mulheres negras e a religião católica no Vale do Paraopeba- MG que faz parte do projeto: “Patrimônio Histórico de Bonfim: A construção do imaginário religioso e educacional mineiro no Médio Vale do Paraopeba- MG”, financiado pela FAPEMIG. O objetivo é discutir a questão do poder religioso sobre os corpos das mulheres negras, na segunda metade do século XIX início do século XX, priorizando a relação simbiótica entre educação e religião no que se refere aos corpos das mulheres negras. O caminho escolhido foi o histórico dialético numa abordagem benjaminiana. O referencial teórico utilizado foi a teoria do imaginário religioso e o feminino na história. Como resultado parcial até o momento foram encontrados: três testamentos de padres com filhos no final do século XIX constituindo um tipo de dominação eclesiástica e, um documento sobre o funcionamento de um colégio administrado por uma mulher negra, no início do século XX, constituindo um tipo de dominação educacional. Os temas configuram histórias das mulheres negras e a dominação católica. As considerações parciais corroboram em parte a tese de Michelle Perrot no que se refere ao silêncio dos arquivos quando o assunto são as mulheres, o que a levou a afirmar: “no teatro da memória as mulheres são sombras tênues”.
Palavras-chave: Educação, dominação religiosa, mulheres negras.
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