Nas trilhas das mulheres negras:

O silêncio dos arquivos na região do Vale do Paraopeba-MG

Autores

  • Amauri Carlos Ferreira Umesp
  • Lilian Cristina Bernardo Gomes Instituto Santo Tomás de Aquino
  • Soraia Aparecida Belton Ferreira Colégio Centro Educacional Mineiro

Resumo

A casa de Cultura de Bonfim tem o maior acervo de documentos inéditos do século XIX e XX da região do Vale do Paraopeba- MG. Para essa comunicação apresentaremos o resultado de duas pesquisas sobre o lugar das mulheres negras e a religião católica no Vale do Paraopeba- MG que faz parte do projeto: “Patrimônio Histórico de Bonfim: A construção do imaginário religioso e educacional mineiro no Médio Vale do Paraopeba- MG”, financiado pela FAPEMIG. O objetivo é discutir a questão do poder religioso sobre os corpos das mulheres negras, na segunda metade do século XIX início do século XX, priorizando a relação simbiótica entre educação e religião no que se refere aos corpos das mulheres negras. O caminho escolhido foi o histórico dialético numa abordagem benjaminiana. O referencial teórico utilizado foi a teoria do imaginário religioso e o feminino na história. Como resultado parcial até o momento foram encontrados: três testamentos de padres com filhos no final do século XIX constituindo um tipo de dominação eclesiástica e, um documento sobre o funcionamento de um colégio administrado por uma mulher negra, no início do século XX, constituindo um tipo de dominação educacional. Os temas configuram histórias das mulheres negras e a dominação católica. As considerações parciais corroboram em parte a tese de Michelle Perrot no que se refere ao silêncio dos arquivos quando o assunto são as mulheres, o que a levou a afirmar: “no teatro da memória as mulheres são sombras tênues”.

Palavras-chave: Educação, dominação religiosa, mulheres negras.

Biografia do Autor

Amauri Carlos Ferreira, Umesp

Doutor em Ciências da Religião pela Universidade Metodista de São Paulo (Umesp), com pós-doutorado em Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Mestre em Ciências da Religião pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Graduado em Filosofia. Professor de Filosofia no Programa de Pós-graduação em Educação e do curso de Pedagogia da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas) e professor do Instituto Santo Tomás de Aquino (Ista).

Lilian Cristina Bernardo Gomes, Instituto Santo Tomás de Aquino

Doutora em Ciência Política pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) com Pós-doutorado em Ciência Política pela Universidade Federal de Minas Gerais e também no Centro de Estudos Sociais em Portugal (CES/PT). Mestre em Ciência Política pela UFMG. Especialista em História do Brasil pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas). Graduada em História pelo Centro Universitário de Brasília no Centro de Estudos Sociais em Portugal (CES/PT). Professora de História do Instituto Santo Tomás de Aquino

Soraia Aparecida Belton Ferreira, Colégio Centro Educacional Mineiro

Doutora em Educação (PUC Minas), com pós-doutorado em Ensino pela PUC Minas, Mestrado em Educação (Unincor); Especialização em Filosofia Contemporânea (PUC Minas) e Filosofia Clínica (Instituto Packter), Graduação em Filosofia e Serviço Social (PUC Minas). Professora de Filosofia da Faculdade UNIMED e do Colégio Centro Educacional Mineiro

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Publicado

2024-06-05

Como Citar

Ferreira, A. C., Bernardo Gomes, L. C., & Aparecida Belton Ferreira, S. (2024). Nas trilhas das mulheres negras: : O silêncio dos arquivos na região do Vale do Paraopeba-MG. Anais Dos Simpósios Da ABHR, 18. Recuperado de https://revistaplura.emnuvens.com.br/anais/article/view/2330