Democracia Epidérmica: Declínio do congregacionalismo e ascensão do episcopado nas igrejas evangélicas brasileiras
Resumo
Uma das grandes inovações da Reforma Protestante foi inserir a congregação de leigos como parte integrante da vida institucional e administrativa das igrejas. Os sistemas de governo adotados pelas igrejas reformadas, especialmente o episcopado protestante, o presbiteriano e o congregacional carregam consigo elementos fundantes da modernidade, como o individualismo e a democracia. Desde meados do século XIX igrejas com estes governos estão presentes no Brasil, mas nunca foram dominantes como em outros países como os USA. Percebe-se que ao longo do século XX, as instituições evangélicas que adotaram outros modelos de governo como o episcopado pentecostal – herdeiro do catolicismo medieval - não somente cresceram muito mais do que as de tipo congregacional e democrática, mas tem penetrado no protestantismo histórico reformando profundamente a administração eclesiástica dessas igrejas. O presente trabalho visa entender sociohistóricamente a inclinação das igrejas evangélicas brasileiras, de seus líderes e fiéis por adotar sistemas de governos autoritários como o pentecostal, o mais arcaico e o menos democrático. Seguiremos quatro linhas de investigação: a facilidade da administração episcopal em oposição às demais; a influência de uma cultura política personalista no cotidiano brasileiro do qual as igrejas não podem escapar; a falta de uma cultura democrática e individualista nos sujeitos que é exigida nos modelos congregacionais e presbiterianos; o desinteresse dos fiéis em participar da vida administrativa das comunidades, fenômeno típico de sociedades urbanas contemporâneas.