Gustavo Corção: “A ordem passada a limpo”
Resumo
Enquanto pensador católico, Gustavo Corção refletiu de duas maneiras sobre a neocristandade. Na primeira, como pertencente aos quadros do processo de romanização em curso no Brasil segundo a linha programática de Dom Sebastião Leme, materializada nos horizontes do Centro Dom Vital e da Ação Católica Brasileira. A segunda deve ser considerada desde a perspectiva crítica que ele construiu ao longo dos anos 1950, e que o tornou referência de um conceito tradicionalista de Ordem. Esta tem sido apresentada em viés político e teológico, deixando em silêncio sua contribuição para a história cultural, notadamente a leitura que fez do sistema de representações da autoridade em que se expressavam as eclesiologias em confronto nos discursos sobre a neocristandade. A comunicação objetiva trazer à tona essa contribuição, centrando-se na análise da temporalidade contida em Dois amores – Duas cidades (1967) que ficou consagrada no título da revista Permanência, por ele fundada e dirigida entre 1968 e 1978.